Luana Castro Alves Perez
I. A Poesia Concreta, ou Concretismo, impôs-se, a partir de 1956, como a expressão mais viva e atuante de nossa vanguarda estética. No contexto da poesia brasileira, o Concretismo afirmou-se como antítese à vertente intimista e estetizante dos anos 40 e repropôs temas, formas e, não raro, atitudes peculiares ao Modernismo de 22 em sua fase mais polêmica e mais aderente às vanguardas europeias. (Alfredo Bosi).
II. Os poetas concretos entenderam levar às últimas consequências certos processos estruturais que marcaram o futurismo (italiano e russo), o dadaísmo e, em parte, o surrealismo. São processos que visam explorar as camadas materiais do significante. A Poesia Concreta quer-se abertamente antiexpressionista. Em termos mais genéricos: o Concretismo toma a sério, e de modo radical, a definição de arte como "techné", isto é, como atividade produtora. (Alfredo Bosi).
III. A Poesia Concreta inovou em vários campos, entre eles o campo semântico (ideogramas, polissemias, trocadilhos etc.), o campo sintático (justaposição, redistribuição de elementos, ruptura com a sintaxe da proposição etc.), o campo do léxico (substantivos concretos, neologismos, tecnicismos, estrangeirismos, siglas etc.), o campo morfológico (desintegração do sintagma nos seus morfemas, separação dos prefixos, dos radicais, dos sufixos etc.), o campo fonético (aliterações, assonâncias, rimas internas etc.) e o campo topográfico (abolição do verso, não linearidade, uso construtivo dos espaços brancos, ausência de sinais de pontuação, sintaxe gráfica etc.).
IV. O Concretismo toma a sério, e de modo radical, a definição de arte como "techné", isto é, como atividade produtora. O poema é identificado como objeto da linguagem, e os poetas do Concretismo brasileiro reconhecem e promovem uma tradição tecnicista como seu imediato ponto de referência histórico e estético.
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