Cláudio Carvalho Fernandes
"A existência precede a essência"
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Poemas INÉDITOS (até 05jun2014) do Poeta piauense Elias Paz e Silva                                   

 

 

 

 


INÉDITOS

 


oferta
aroma de flor
amora de amor

lilás o sonosonho

shabat na tarde,
celestial alegria.

bem próximo o fim do mal.

 

Experimentos Concretos

 

 

 

 

 

 

 

 

Novos poemas inéditos

 

há silêncio

vai avançada a hora

grilos orquestram

uma cantilena lá fora

 

comovido faço

versos de esperança

um canto traço

como quem dança

 

há silêncio

vai avançada a hora

o amor clama a fio

coro imploro

 

31/05/2003

 

 

agora que o vento

sopra em mim esta canção

o tempo de amar é são

raro todo intento

 

agora que o vento

inscreveu em mim esta canção

o espaço de criar é vão

à língua todo instrumento

 

agora que o vento

cravou em mim este momento

invento asas à imaginação

às portas do teu segundo advento

 

31/05/2003

 

 

não me ofereças

somente a aridez

do teu corpo deserto

 

quero mais: aroma

de flores ao vento.

 

31/05/2003


 

 

POEMA DISCURSIVO À MODA ANTIGA

(Oração Moderna de Fim de Shabat)

 

nesse final de shabat

me envolve o frêmito do eterno

luz canto remoto assim

toda vez que o rolo do livro se abre em mistério

(o coração de pai suspenso ante a menor profusão dos sentidos)

 

neste final de shabat

a oração se interpõe silenciosamente em línguas familiares

ao mundo ao século à carne ao corpo

me possui voraz o coração a esperança tranqüilos

 

neste final de shabat

às portas do templo que sou

o muro ocidental em louvores me convida

à nova Jerusalém revivida no sangue

na república em dois pedaços de mim

império da eternidade

 

neste final de shabat

não há velas nem ritos antigos ou flores que anunciem

a festa das semanas

afogado em afagos o fogo interior

asperge amor por e a cor do sabor

agora é o tempo e seus enigmas à luz da noite, ó noites

afoito entre cãs cardos silêncios brados

 

neste final de shabat

inauguro a escuridão em delícias, sozinho, contigo mesmo

o salmo feliz da certeza

de outra luz outro dia

outra vida mais viva

repartida como estrela clara suspensa sobre o rio lilás

 

   

 

 

 

 

POEMA À ALIANÇA PERFEITA

 

 

 

Vaso despedaçado

Recomposto restaurado

Meu coração de ti, senhora

 

Requer mimos cuidados

 

Vaso despedaçado

Erguido reedificado

Meu coração de ti, senhora

 

Requer teu coração implora

 

Vaso refeito

Fundo profundo mundo

Meu coração de ti, senhora

 

Aceso sedento, ora

 

31/05/2003

 

 

 

coração de pai

não se contenta em ai

 

coração de pai

às vezes entra

às vezes sai

 

coração de pai

abrigo contra perigo:

amor, dái!

 

 

31/05/2003

 

 


 

 

Tão bom

o som

do teu tom

21/05/2003

 

 

som do sax

viola no saco

canto vácuo

21/05/2003

 

 

teu imerecido favor

senhor

tomou conta de mim

assim, ó sim!

 

 

graça bela

a se debruçar

Na janela

 

 

santo cicio em jasmim

jaz, jazz em mim!

 

 

Sabor de romã

teus mandamentos imã!

 

 

Ó senhor, és, és...

O amor em fulgor

Lírio, flor...

 

 

UNI VERSO

 

 

 

 

 


 

 

ALIANÇA

 

 

Não serei teu poeta

Ou far-te-ei versos de amor

Não serei teu cantor

 

Não serei teu amante

Muito menos amigo distante

Depois ou durante o afago

 

Serei, somente, irmão

Despetalando teu coração:

Eu, Israel; tu, Sião.

 

31/05/2003

 

 

 

Entender-te-ei no olhar

Gesto face falar

 

Irmão, amigo, esposo

Dar-te-ei comum gozo

 

À sombra de nós

Peixinhos soltar-se-ão

Dos anzóis

 

31/05/2003

 

 

 

olá, canção!

Cá estou eu,

Tomado de emoção:

Luz no breu!

 

31/05/2003

 

 

 

 

 

 

 

enquanto tempo de ceifar

se aproxima planto semente

em cada gemido

respirando novo ar

 

somente sentir não basta

o mundo mergulhado em noite vasta

é necessário interferir

totalizando sentidos no ser

 

aqui agora sempre alerta

fugazes visões me habitam

enquanto sopro este inverno

outros verão de canários

 

- o tempo de colher é vário

 

 

 

 

 

carrego a certeza do céu

enterrada nas entranhas

visões sonhos múltiplos

a essência do mistério desvela

 

carrego suspenso no madeiro

o ser tão fraco quanto forte

a esperança mais à sorte

águas em despenhadeiro

 

tenho mãos olhos cheiro

natureza em milagres renovada

enquanto em mim ponho à prova

sendo o último desde o primeiro

 

sutil lilás me envolve

ondas em vinha

pelos riosmares

do meu ser intacto esfacelado

em pacto ungido para sempre

 

 

 

 

 

rios brotam dos olhos

salgados rios

no mar dos acordes

 

assim de sonho em sonho

acalanto na tarde à rede

o balanço da espera

pregando contra branca parede

 

um cântico do íntimo ensaio

alvas notas azuis

me sustentam quando cais

 

e nesse cair que me arrebento

um novo rebento sempre vário

ressuscito à vida atento

feliz peixe em aquário

 

 largo o poema

largo o poema
ao léu do vento.
atento intento outro
invento.
acalanto.

especialista

especialista
em coisas que
não sei, que
direi? Amai. Fazei.
Aguardai o Rei.

vestido de si

vestido de si
solfejo outro canto.
semeio quanto.

virá o verão

virá o verão
rirão ou dirão?
ver assim mesmo:
alvo a esmo.

retroceder?

retroceder?
por quê?
seda o esteta
palavra fora de meta.

tenho mãos e vejo

tenho mãos e vejo.
tenho olhos e faço.
quem semeia o desejo?
um abraço, laço, lasso.

tardes ardentes

tardes ardentes
quando o vento íntimo
sopra voragens.
tardes renitentes
quando o espaço curvo
é viagem, é viagem.

que planto quando canto?

que planto quando canto?
palavras-semente, um tanto
outro quanto.

duro como uma flor

duro como uma flor
flexível como pedra
o amor em mim medra

a palavra me salta

a palavra me
salta dos olhos.
ponho de molho
o silêncio leve.

pessoas pedem perdão

pessoas pedem perdão
quando se comove o coração
há paz nos gestos
quando se ama o irmão

A paixão passou

A paixão passou
Não era amor
Só o corpo em fulgor

PERGUNTA INOCENTE

Tamanduá bandeira,
sem eira, nem beira,
diz qual é a cor
da nação brasileira!

 


                                                              Elias Paz e Silva

meu poema se encontra

meu poema se encontra
lá onde os rios se entrelaçam
pobre de mim
mendigo até o fim do poema que te alastra

meu poema se encontra
lá onde os rios se entrelaçam
sua voz de muitas águas sua canção em ondas
de mar bravio

(só por um fio, poema, aceitei teu desafio)

meu poema se encontra
lá onde os rios se entrelaçam
o verso - fala - todo o despojo desta canção vital -
fere range os dentes traz vida vida vida
luz na escuridão

vou te abraçar irmão

vou te abraçar irmão
com este pobre poema pobre

é tudo que tenho

recebe também minhas vestes rotas
este pão
esta oração

somente, amado, traz a unção
vamos compartilhar coração

a novidade

a novidade
é a vida mesmo

em gestos de encontros

a novidade
é a vida mesmo

parindo a esmo

a novidade
é a vida mesmo

- a morte não
é a saída

me tece

me tece
quimera nova

ponho à prova

nervos à flor

nervos à flor
da pele

navegas esperança

o amanhã tecido
entre pomares

renovação nos ares

leão

leão
peixes à boca
perpassa
o sol manso

há o mar

há o mar
o desenho branco das ondas
vestes verde-azul o horizonte
(confluência de signos)

crianças brincam na areia

o incessante soprar do vento

o incessante soprar do vento
no imenso agora
se instaura hora após hora

à eternidade intento

rumores de águas

rumores de águas
vento leve odores:
céu, sol, sal...

o nome se pronuncia

o nome se pronuncia
no dia do perdão
o nome não se diz em vão

o nome se diz feliz
temor tremor amor
o nome é que o bem quis

o nome forja o homem
criação luz razão
o nome é três, irmão

ó lingua

ó língua
      gen
      lira

ó delírio

cânticos em hebraico

cânticos em hebraico
um amor antigo, arcaico
alegre e farto

ser universal


ser universal
no meu quintal

arapuca

arapuca

pés de milho
siriguela manga goiaba capim santo

peladas à tarde

peteca triângulo arco-e-flecha

(a infância floria à solta
na paisagem revolta)

como eu quero

 

 

 como eu quero partir? assim
Yahveh, em nome de Yeshu'a, recebe
este pó que tu, só tu, Senhor
transformas em pura luz!

como eu quero partir? assim:
sem temor, sem medo, sem terror,
entre alegres cânticos de louvor,
envolto num manto lilás de amor.

como eu quero partir? assim:
um suspiro profundo de alegria,
um sorriso incontido de vida,
um doce aceno de despedida.

como eu quero partir? assim:
no teu querer, em dia de renascer.
no toque

no toque
leve do vento
           in
           vento
canção de ninar


canção de ninar
vem os sonhos embalar
canto de amor

canto de amor
o poema
subverte o torpor
ponho o sonho na algibeira

ponho o sonho
na algibeira

lembra-me a luz
o canto hebreu

entre ti e mim
um novo elo
faz-se o canto

faz-se o canto
sal santo

faz-se a poesia entre
dor alegria

faz-se a esperança
na vida em contradança

réstia de luz


réstia de luz
é o que compus
                                                  


a poesia do dia


a poesia do dia
é um verso livre

branco franco inaugural

como um primeiro ato - virginal

a poegt;
ouvirei tua voz macia


ouvirei tua voz macia
segredando mistérios

contemplarei teu corpo ferido
no fogo inicial das estrelas

compartilharemos o amor
no viço eterno da criação

(a comunhão fraterna nos envolverá
como abraço)

 


por que não dize


por que não dize a que vieste, nesta hora, poesia inconclusa?
não és estro, não és musa - és apenas esta dor, esta dor difusa

misto de calmaria / pranto, doce comunhão / alegria, quero somente

teu mar - verbo de fogo - onde se acende a fraternidade.

por que te apresentas assim, fiel amiga, esperando
de mim a palavra impura?

e já que não és nada, nem um abraço amigo, quero proclamar,
ante o teu festim, vai, sai dos ossos, salta fora de mim!

 

 


bila bela


bila bela
arquivada nos confins
da infância

peteca ponteira
sempre teimando em passar
a rasteira

 


teu coração


teu coração restaurado
jardim regado
me apascento

teus grandes olhos
luz do caminho
carinho linho

teu ventre terra
chuva semente
broto novo se encerra

 

13/01/07


o sabor do amor


o sabor do amor
primeiro
desde sempre esperado

cheiro de fêmea
na antemanhã dos teus olhos
sempre terna yerushalaim

especiarias raras
embelezam os sentidos
sião se revolve em anelos

 


serei seu


serei seu
serás minha
somos vinha
ana aninha

 


imperativo


fazer poemas
é difícil
quando a vida é
táctil

 

 

poesia


é raro
o instante
em que te insinuas, poesia

(a alegria da partilha urge
cotidiano viver em comunhão)

é claro
o momento
em que me ausento
para beijar tua face nua, poesia

 

07/03/07


toque


tantos toques teus - e eu
ali ausente do todo

frêmito divino a vida - e eu
aqui em outra vida mergulhado

colherei o improviso
ao eterno instante desenhado - e nós
sons somos

 

 

07/03/07


desvivi


desvivi
tateando o escuro

(sobre)vivo
na iluminação do monte

água cristalina sorvida à fonte

 

 

não há poema


não há poema
no sorriso que se fende

há poema
na natureza em frente

não há poema
na mesmice dos dias

- simples, o poema
resiste aos artefícios

 

07/03/07


pombos picam migalhas


pombos picam
migalhas.
pardais partem
pertinho.
o cavalo-do-cão
não se aproximará.

 


_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Notas do editor:

"Cavalo-do-cão" é a "designação comum aos insetos himenópteros da família dos pompilídeos, caçadores de aranhas (Sin.: Maribondo-caçador, vespa-caçadora)"; um besouro robusto e, geralmente, de coloração escura, com ocorrência variada na região Nordeste do Brasil.

Assim:

01- "Cavalo do cão" é, no Nordeste do Brasil, um tipo de grande besouro negro;

02- "Cão", no Nordeste brasileiro, é outra designação para diabo, demônio.

__________________________________________________________

 

Constelação


derredor do amor uma
                nova
c     n     t     l     ç     o
   o     s     e    a     ã

                 si formou

 


a cara alegre (oficina da palavra)


vim
mendigo da alegria
buscar aqui, meus senhores
o pão da poesia

 

Cantilena


esta cantilena no telhado
são gotas de nuvens aladas
em cada passo uma estrada
em cada coração uma sacada

 

 

ENTREGA


tenho mãos e vejo.
tenho olhos e faço.
quem semeia o desejo?
um abraço, laço, lasso.

 


Ao Toque


ao toque
do shofar
aqui acolá.
ao murmurar
da vida
aconchego guarida

 

 

Que planto quando canto?^


Que planto quando canto?
sementes-palavras, nem tanto.

 

EXILADO


exilado em minha
própria terra
adoço o anonimato
destas paragens

escolhida sião
ilumina a busca
de uma companhia outra
que não se ofusca

o ser por dentro
traduz a solidária natureza
da alma luminúrias
calo o choro nas entranhas

choro ruminando coro
alegria renovada além
do corpo seus segredos
numa não-sonhada salém

 

carapaça


vestido de si
solfejo outro canto.
semeio tanto.

 


teus segredos


teus segredos quero-os
meus na nudez dos gestos

acarinho teu dorso de fêmea

no cerne do amar
visitaremos o (im)possível

a vida que se abriu em mar
cheiro celeste familiar

 


17/01/2007

 

Da ignorância


especialista
em coisas que
não sei, que
direi? amai fazei.
aguardai o rei.

 


virá o verão


virá o verão
rirão ou dirão?
ver assim mesmo:
alvo a esmo.


retroceder ?


retroceder?
por quê?
seda o esteta
palavra fora de meta

 

vínculo


largo o poema
ao léu do vento.
atento intento outro
invento.
acalanto.

 

haicai das lágrimas


sereno sereno
fonte de olhos claros
chuvisca a nascente

 

filosofia


                          
todo dia
como poesia

 

1


uma casinha
        asinha
ninho de carinho
        aninha
semente linho
mais um pouquinho
outro tanto
outro canto
onde santo
me alinho

 


22-23/01/07

 

cançãozinha


fiz essa canção
de sim e de não
embalo de vinho
gesto em carinho

fiz essa canção
fogo em tição
gravei teu pudor
na tábua do meu coração

 


22-23/01/07

 

Línguas


l'assir siriamanaias
palavras do vento
sétimo sentido

fôlego de vida

em cada veia
pulsa meu amor insano latejado

l'assir siriamanaias
o antigo homem
à luz do novo

 

sorriso da alma

 

sorriso da alma
meu amor
espada em flor

 

sintaxe


o fruto de maduro se parte -
sintaxe de luz


tempo (2)


de vez em quando
                   ando
                     ando
                       ando
a poesia acontece luz
                              em mim

 


predestinação


o criador me predestinou
algo maravilhoso

alimentar uma flor
apascentar um rebanho
de estrelas

 

Nova Jerusalém


quando o templo
do meu corpo
se fendeu por jerusalém
o aroma de flores celestiais
penetrou-me as narinas

exato, o amor impossível
construirá o mistério
insondável da semente na terra

do teu ventre
frutos viçosos brotarão
renovando a face das águas

tranquilo, apascentarei
os rebentos do eterno
nos campos edificados do céu
ante a festa das bodas do cordeiro-leão
entre verão e inverno


                                 Elyahu Shalom Ben Israel

 


Certeza


em meus passos
abraços densos
repouso em teu regaço

 


Todah (da gratidão)


na voz do filho
no livro de poemas perdidos

ó graça anelada
desde as entranhas

te decifro, pão eterno

 


Dia segundo


a brisa mais leve que o ar
sussurra, frisa: importante é como andar

qual poema que se inscreve no vento
à luz de cada intento

 


sereno


novo renovo
sob o manto do sereno
que te veste, passeio

refaço cada passo
faço da poesia
meu recreio

 


tus silhueta


tua silhueta
comigo sobre as ruas

coração brando
(des)vendo a limpidez
dos teus movimentos

varoa clara
grANDEs olhos
pele rara

o que o Eterno ternura
em secreto nos reserva?

não há distância

o desejo de tê-la em meus abraços
é um sonho sereno tranquilo

..............................................................................................

 

ao toque do shofar


ao toque do shofar
avançarei sobre as muralhas

uma a uma pô-las-ei abaixo
até a brisa sussurrar no íntimo
a shalom tão esperanceada

não aos nadas
sim à vida-flor desabrochando
plene de revelações

tudo tão claro
como o poema dos teus olhos claros

 


visita


se me visitas, poesia, nesta hora
traze contigo melhor esperança
dize o deus a quem adoras
do verbo não me adianta a dança

sei o teu perfume, conheço-te inteira
a forma e não ignoro tuas arremetidas
todavia não sou poeta, digo-te, à beira
e além do som de tuas idas vindas

se me visitas, poesia, a mim imploras!
aflora, flor sem nome, decora
os ritos de chegar e partir
como leve manto a cerzir

não, amiga, vai-te embora!
há paz, à minh'alma consola,
o tesouro que tenho nos céus
e o eterno que por mim chora!


                                                        23/10/2003
                                                        27/tishrei/5764

 

sapos grilos


sapos grilos
anunciam o inverno.
o eterno fala águas
e faz chover.

 

 

 


visto


visto
o (im)possível no teu olhar
                                         ar
                                         de bela
                                         indômita

revisto
o lilás dos sonhos insabíveis
( ouvi o toque do shofar
sobre a cidade )

soa no íntimo
a voz do vento: caminhar fazer amar
até o céu descer

 


sons são signos


sons são signos
anteriores à procura

sons são letras
posteriores ao paladar

 

 

 

no sonho


no sonho a altura
gozo pureza alvura

(anjos celestiais assistem em coro)

é real a procura, amor


                                                           07/03/07


KUACH


Não estou só
Há alguém em mim
Silente cicio suave
Orquestrando meu andar

Não sou só
Solidário solfejo melodia
Em mim
Acende candelabros vários

Terei tua companhia
No necessário desejo do sonho-visão
Momento em que assunto
Teu sopro infindo

 

 

de todos os amores


de todos os amores
que me visitaram
só um ficou

perdura infenso ao frêmito
das circunstâncias

amor eterno
em buscar de outro amor terno

 

 

gesto


gesto vário de acalanto
amar é espanto

 


com versos


com versos
converso

 

arte


arte é físsil
arte é fóssil

 

PROESIA


Este poema
não nasce do acaso.
Veio do vento.
Veia do intento.
É um poema simples, até sorri
de si e de sua "transinspiração".
É calmo. Alvo. Solidário.
Jamais solitário: nós o reconstruímos
do pó. Do nada. De algo mais.
Simples e preciso, puro como uma criança impura.
Aliás, é de pureza que ele cala.
Ou melhor: exala.
A pureza, por exemplo, da nuvem suspensa
no azul infindo.
O poema, também, é santo e alegre, como este sábado
à tarde (meu filho adolescente pedalando por aí, nas ruas;
eu em casa, tremendo...)
Separado. Claro. Pleno.
Como saberás, leitor(a), se o poema quer dizer algo?
Branca página entre negras letras, sem fundo amarelo ou vermelho.
O poema, claro, tem a cara de outro poema e beija a face dos homens.
Todavia, é meu, é teu, é vosso - água cristalina
em impetuosa torrente. Ar genuíno de montanhas e bosques.
Fina fissura estetizada.
Não declara o óbvio, o poema. Não diz "silêncio".
Apenas sussurra: leve alegria
da palavra poesia.


                                             Elias Paz e Silva
                                             09/10/2004

 


risalegre


risalegre
choroconsolo

coro (de)coro

 

sonho colorido


sonho colorido
desperta aleg(o)rias

 


vibra

vibra
rei!

fibra!

 

Parousia


Yeshu'a se manifesta
a natureza  faz festa

 


Face de Céus


pai, tua face azul vela
resplandece estrelas
nuvem cor-de-rosa
exala noturna certeza

 

 

tua palavra

 

tua palavra desde os céus
resplandece meiga nas faces

a cidade desposada
em tua presença renasce

 


solidário caminhar

 

solidário caminhar
vereda estreita

o amor espreita

 


desrevelação

 

sol...
e
dão!

 


.............................................

 

vendo a invisível face

 


vendo a invisível face
do eterno
audível voz doce

 


Ethos

 

sensível ao movimento do vento
me fiz

sou o que sempre quis: feliz!

 


a revelação da hora

 

a revelação da hora
quando se despe o dia de sua luz tênue

tende a tendas estupendas
o corpo propõe o que desvendas

 


sei o ser


sei o ser
seus limites

sei a vida
seus palpites

sei o verso
seus anversos

 

antes que a alva teime


antes que a alva teime
em arrefecer o cansaço, aviso:

sou a esperança que diviso.

 


quero um amor eterno

 


quero um amor eterno
                      terno

nas notas tenras da paixão
um amor jerusalém monte sião

 


neste abandono de tudo


neste abandono de tudo
                           mudo

contemplo o crepúsculo

o músculo que me agita a face
                         grita

melhor o alvorecer
seus começos
          meço

enquanto lembro esqueço

 

carpirei o ocaso


carpirei o ocaso
celebrarei o nascente

sei o estar poente
signo de toda a gente

 

há um jeito de ser

 

há um jeito de ser
denotando o querer

há um gesto sensível
ao silêncio audível

 

enquanto a toada de tudo


enquanto a toada de tudo
me oprime o riso
                 diviso outro absurdo

desvelo revelo surdo

 


meu sorriso


meu sorriso
é dádiva do eterno

se faz verão em pleno
                  inverno

 

poética iii


poemas são filhos
trilhos para o além

uns nascem amadurecidos
outros prematuros vêm

 


todo poeta

 

todo poeta a outro
arremete

humano toque divino
gesto solidário

todo homem a outro
assemelha-se

 


um passarinho ...

 

um passarinho
tece a tarde
com carinho

 


agora é a hora


agora é a hora
em que tudo transmudo

agora é o verbo em ação

 

silente como folhas ao vento


silente como folhas ao vento
o endereço de mim invento

 

velarei por ti meu amor


velarei por ti meu amor
enquanto a cor da alva for

 

o sorriso fácil


o sorriso fácil
            táctil

sensível ao solo do sopro


postulado de apóstolo


postulado de apóstolo:
o dolo do tolo
é da misericórdia o consolo.

 

não me retenhas


não me retenhas
a alegria da descoberta
a vida é obra
eternamente aberta


                                        14/05/2002

 

NOTURNO

 

rosa anoitecida
no jardim
fresta da noite
aberta
entre íris

o poema fica
roendo a escuridão

 

divino frêmito


divino frêmito
se instaura
sanguefogo

profecio
etéreas palavras
doce arrepio

 

                                           14/05/2002

 


pródiga em pérolas

 


pródiga em pérolas
a vida

parábolas
no coração no céu
                da boca


                                       14/05/2002

 


NIDÁ I


glorificar o eterno
no ato de conceber
amor fazer sem sofrer

bendito banho
leite e mel
no deleite do amar

em canções de adoração
ternas eternas
frutificar a vida entre pernas


                                             Elyahu Shalom Ben Ysrael

 

NIDÁ II


não cantarei o amor
à grécia
cego de prazer

vislumbrarei a bendita
esperança no ato de fazer

simplesmente amarei
em canções de louvor
ao meu rei


                                        Elyahu Shalom Ben Israel

 

POSSIBILIDADE


Viver o amor novo
é plantar flores no paraíso

viver vida nova
é por o amor à prova

vida: amor em movimento
flores repartidas a cada momento


                                                    Elyahu Shalom Ben Israel

 


SEMEAR A PALAVRA


semear a palavra
no útero da terra

engravidar de vez
o fruto novo no ventre

colher a porção dobrada
do cálice da alegria
dia a dia

 

Shomer Yisrael


como um jovem
sentado na praça
espero o Mashiach

com o cicio das nuvens
com a gota do vento
com o sorriso lembrado
espero o Mashiach

pulsando pulsando pulsando
espero o Renovo
a visão dos sóis dos olhos teus
dos céus espero o Mashiach

não descansarei, jerusalém
o ouro das tuas praças
o cristal das tuas ruas
o regozijo das tuas faces

espero o Mashiach

não dormitarei durante as vigílias
da noite intensamente
repousarei tranquilo no teu colo
discípulo amado perante tuas faces
espero o Mashiach

serei silente
nesta hora, meu amado
orarei suave serenamente

buscarei as faces do eterno
cheio de emoção
rios de lágrimas nos olhos

sou o pó das tuas pastagens
o verbo da tua carne
lavra da tua palavra

orarei silente nesta hora
vem, ó meu amado, não demora!
o mundo carece de ti
de teus mansos passos de leão
de tua mudez de cordeiro ante o sacrifício
do teu amor inexprimível em gemidos

serei silente
orarei somente nesta hora
nada farei não darei um passo
simplesmente orarei
o verbo em fogo dos teus palácios
tuas casinhas benditas ao pé do monte sião

quero a tua pureza inatingível
teu amor santo e benfazejo
talvez na tua face um beijo

 

 

voarei nas asas do vento


voarei nas asas
do vento
a qualquer momento

sumirei entre nuvens
ao céu dos céus
ante o toque do shofar

vestido de no(i)vo
voltarei infinito
ante espanto e gritos


                                      Elyahu Shalom Ben Ysrael

 

águas cristalinas


águas cristalinas
desde os céus
destilarão mel

palavras doces em israel
puras partituras de perdão
no coração da casa de david

eis que o mashiach
resplandecerá em grande glória e poder
pelejando pela menina dos olhos

 

                                                          Elyahu Shalom Ben Israel

 

das fogueiras da inquisição


das fogueiras da inquisição
nasce meu amor judeu-cristão
amor sem sexo ou religião

amor apaixonado
levando feridas às costas
e curas à tardinha

não quero teu manto mentiroso, roma dos gentios
nem tua face universal à venda

é um amor claro (sem dúvidas ou dívidas)
sacrificial
cheio de renúncia
menos avaro
altruísta

saúda o mendigo daniel
a pedinte maria
e pede revisão de estilo

das fogueiras da inquisição
nasce o meu amor judeu-cristão
estremecendo os infernos
e o próprio satã

amor de nome
codinome
Yeshu'a ha Mashiach
raiz e geração de david

 

(meu) lado sombrio


(meu) lado sombrio
mar geia o rio

 

REPÚBLICA fhc


fulano de tal dos anzóis sem norte
nasceu à margem de nome e sorte
sobrevivente de calamidades mil
resiste incógnito às estatísticas do brasil

 

no solo ensanguentado


no solo ensanguentado
da capitania
cabeças piauís à margem
do paraguaçu - e da história


mar de amares


mar de amares
tecido de múltiplas vozes

finca o fôlego
essência do infinito

 

                                               16/08/2002


palmas nas mãos


palmas nas mãos
curumins acroás
suplicam misericórdia

a ferro foice
exterminadores
mesmo a calmaria, sem ti, parece miragem

és a shalom
que floriu em mim
o doce encontro de puras amizades
abraços de irmãos

declaro que, sem ti, ó meu amado
a renúncia
a simples renúncia à avareza à dúvida ao vício
não é possível

 

 

muito além das nuvens do céu


muito além das nuvens do céu
há uma morada para mim
no infinito azul sem fim
onde não reluz o negro breu

muito além das nuvens do céu
cantarei com arcanjos e querubins
louvores ao D'us de Israel
doces canções entre serafins

ó sim, eu sei, muito além
das nuvens dos céus
na eterna Jerusalém
adorarei o rei de Israel

uma casinha, só minha
tecido de ouro puro cristal
onde o amor não definha
onde luz e sal são igual

 


Entrega


senhor, tu és minha grande alegria
óleo de vida, paz, poesia
és tudo para mim: amor, mar
o doce vento sem fim, amar.

eis que tudo te entrego, senhor
devolvo a ti o que é teu:
fôlego, respirar, existir.
oferto em amor o meu porvir.

senhor, eterno de sião, Helohim
na imensidão dos céus sem fim
hei de habitar contigo, sim
numa casinha tecida por malaquim

senhor, no sorriso do irmão
revejo teu sorriso suave são
ó tu que habitas em sião,
cantemos em uníssono coração!

 


no gesto de carinho


no gesto de carinho
vejo a flor
vejo a dor
vejo a coroa de espinho

no gesto de amor   }
vejo o Senhor        } BIS

no gesto de amor
vejo o carinho
vejo o passarinho
vejo o ninho
vejo o anciãozinho

no gesto de amor
vejo a paz
florindo sem dissabor
vejo mais
vejo cãs / cais

 

ah, que doce morada


ah, que doce morada
tenho em ti, ó Sião!
leito de terna amada
veio das veias do coração...

o rio da água da vida
irei conhecer finalmente
ó cidade de ouro cristal
passearei em tuas ruas reluzentes

o verbo eterno hei de rever
sua irradiante luz, seu olhar
face a face hei de ver
o senhor do céu, terra e mar

ah, quão doce morada
tenho em ti, ó amada
eterna jerusalém desposada
de ouro e luz resplandentes

 

minhas amadas têm olhos eternos


minhas amadas têm olhos eternos
regozijo nas faces
riso de flores

cheiro suave de jasmins enfeitam seus cabelos
suas faces multivárias rosadas serenas

ah, estou enamorado, meu amor
quero a ti
a tua forma fêmea multicor

minhas amadas têm olhos eternos
ternos e lilases são seus sorrisos
regozijo triunfante nos ventres
bênção de sexos atuantes

yerushalaim vive em mim
como várias princesas
em um só marfim

ó yerushalaim, vives em mim
israel ressurrecto de holocaustos vários
povo eterno restaurado em d'anos

minhas amadas visitam
meus sonhos de paitan
o menor dos teus profetas
se debruçam sobre a minha pequenez de barro
apascentam montes de mirra e coroa de cáries

 

 

ANTES E AGORA


quando a luz
pontilhava na escuridão
vivíamos o martírio da não-vida

agora
que a clareza de tudo
possuiu o silêncio
vivenciamos iluminados a esperança

(noite não há
só o dia
com seus sóis sem ocaso)


                                                             11/12/2004


ESPÍRITO


acesa a lâmpada
toda a casa translúcida

ao ver do vivo
celebro triunfante

festivo sábado em mim
sempre o sim
do sinai

 

PROFECIA


11/12/2004


                       PROFECIA

 

virás
com as nuvens

glorioso sol em esplendor

lágrimas celebrarão o concerto
do povo santo em deserto


SHAMAH


SHEMAH
Ó ISRAEL
ADONAY ELORENU
ADONAY ERRAD


não o demônio grego


não o demônio grego
que me possuía outrora
antes a escuridão do cego
agora o lilás da glória

não pistas artistas
(beleza à vista)
agora a vereda do monte
da planície à fonte


compassiva alegria


1. compassiva alegria
silêncio sereno
c'oração harmonia
vento ameno

2. no algodão das nuvens
no anil do céu
no campo de amor
revisitas israel

3. tua face de céus
brancas nuvens
flores colores


os céus se descortinam


os céus se descortinam
em enigmas
ante os sete portais
da cabeça

quem quer subir
desça


teu vôo imperceptível


teu vôo imperceptível
alegra os astros

aos olhos és invisível
semelhante a muitos sóis

a kahal em novos cânticos
saúda-te, ó esposo prometido

ouve, ovelha a voz do sumo pastor
que por nós veio em amor


a vida vindimada


a vida vindimada
o fôlego ascende entre nuvens

o fogo abrasa a obra

na presença dos livros
a libra livra ou incendeia

 

o sopro santo


o sopro santo

o mar de sal
enche-se de peixes

asas em casas
língua de fogo abrasas

a vinha ao vento
nasce de novo intento
o mover do ungido advento

 


                                                   Ben Piau

 

jezabel jezabel


jezabel jezabel

elias foi arrebatado aos céus

a videira brotou em israel

 

                                                 Ben Piau


em sucot


alarga-se em tendas
a esperança

árvores agasalham
hosanas em danças

 

                                             Ben Piau

 

outubro entendas


outubro entendas
o cântico do sol em si -
nada desvendas?

anas em cabanas
os campos fartos de céu
passas em pão e vinho

alegrem-se, irmãos
a esperança floriu em sião

 


                                                      Ben Piau

 

nuvem de fogo


nuvem de fogo
resplandece paira

sombras incendiadas fogem

ó guardião das manhãs
quem é como o altíssimo em virtude?

 

                                                               Ben Piau

 

satã me paralisa


satã me paralisa
ataca por trás sufoca

(espada de fogo persegue-o desde os céus)

oro, vejo: formulo a vitória, venço!
penso meço
herdeiro dos céus e terra jubilo feliz

em yeshu'a me recomeço


                                                                    Ben Piau


a nova estação


a nova estação
de acordes dissonantes
virá antes
depois ou durante

bebo no vinho
o pão da poesia
a ave o vôo o instante
da nova estação avoante

o poema que me dance
festivo ou altivo
entre ser e estar nativo
antes que a beleza canse


                                                    Ben Piau


bos maiores campos


nos maiores campos
humildes ceifas

a seara no neguev

sorri o rei ressurreto


                                                   Ben Piau


o vôo


o vôo
ameno
palavraceno
és voa

alça

 

                                            Ben Piau


abre-se o livro


abre-se o livro
sela-se o livre
             lavro

pá lavro


                                                  Ben Piau


acordo nos acordes


acordo nos acordes
coloridos
da aurora

pássaros ressoam

nova mente
ex
plode em mim
o tom
ameno da poesia
sem fim

prumo sereno

 

 

                                                Ben Piau


o vôo (2)


o vôo
ave
palavramor
sua
avemente

 

                                             Ben Piau


palavrar


palavrar

quase tudo

no movimento

no ar

 

ou quem sabe

ficar mudo

 

contemplar

 

 

                                         Ben Piau

 


profetizo alado


profetizo alado
o eco do meu grito contra
             o muro
             sussurro de flor
             espada d'amor

 

                                                     Ben Piau


de olho no cisco


de olho no cisco
cala-se a língua

(silêncio de oração)

repousa o manto do ungido
santo santo santo

 

                                                        Ben Piau

 


em trevas babel


em trevas babel
roma agoniza

a fuga é o fogo das semanas

nas tendas do céu
regozija-se israel

a vingança vermelha
sentencia lobos e ovelhas

a 8ª nota secunda
a sinfônica vinda
linda linda linda

shofar troveja
reconciliação de irmãos
restauração reunião

 


                                                Ben Piau

 


no ofício do sacrifício levitas


no ofício do sacrifício levitas
ascende a descendência

minas são o fruto do ventre, varonil jacob

6 herdeiros a postos
plantar-se-ão em adoração e louvor

2 alianças reconciliadas no peito
o 3° templo aguardamos refeito

 

                                                             Ben Piau


o varal de repousar


o varal de repousar
tranquilo
os sonhos de quaradouro
vestes ao sol

o andar silente
sem pressa ou demência
cheio de ciência
de pessoa e gente

um dia após outro
engenheiro paciente
projetando em sopro
o que a alma sente


                                                Ben Piau


o sal de ser


o sal de ser
é se dar
sem ressalva
é voar

planura da beleza
com ou sem ar
de correnteza

 


                                                Ben Piau


o vôo pré ciso


o vôo pré ciso
do verbo amar

a vivento
   novo
pensalimento
n'ovo
invista


                                              Ben Piau

 

ah av no vôo


ah av no vôo
beleza de a-mar entretons

entrelinhos de pureza
nos azuis dos tons marrons
a angélica certeza
de romper a vida sem esperança
dedilhando os nossos sons

ah av no vôo
breviário de pousar as horas
entrelinhas e aurora
no canto canário que ouvi outrora


                                                         Ben Piau

 


sereno arquiteto de sons


sereno arquiteto de sons
componho
a canção-palavra do hinário

tons de encantar azul

mergulho na manhã
boquiaberto buquê de flores
entre odores de esterco
sabonete lux de luxo
desodorante avanço

noite insonhos
revendo a composição n'ave
que se despreende de nós


                                                          Ben Piau

 

dema vê b c: na arca da aliança


dema vê b c: na arva da aliança
                   apoio-me
                   contradança
dos ventos e dos tempos: mudo
                   o modismo
permaneço atento: noach incircunciso
                   invento
                   aprumo o rumo
                   da arca
                   calo afetos escondidos
                   de esperança

o dilúvio do amor rompendo em novas quimeras
                 reinaugurando
                 a flor
                 no ato
                 da palavra 'or

 

ben piau


shoshanim ha-sadeh


shoshanim ha-sadeh
sho shanim ha-sadeh ha-shamaim

shanim maim ha-shamaim

shamaim shanim ha-shoshasim
shô shanim shamaim ha-shoshanim


                                                         Ben Piau

 

aliás


aliás
alio-me
aos que sobem à jerusalém

vejo a sinfonia
dos pássaros em belém

 

                                                    Ben Piau

 

 

estremeço entremeço


estremeço entremeço
               o alvorecer
o caminho vinho vindo
               a aurora lilás
               si
               vindicor ou
               se iniciou
               cambraia de linho

vivo o novo caminho

 

                                                           Ben Piau

 

REENCONTRO


a mulher reencontrada
habita em mim
em meu corpo aquiescente

a mulher reencontrada
é rara esperança de afago
fogo-fátuo que me afoga

a mulher reencontrada
revive ardor no clarão da noite
é estrela despetalando luz

a mulher reencontrada
aconchego de abraços e mãos
é comunhão vencendo a solidão

 

                                                      31/05/2003
                                                      Elias Paz e Silva

 

canção amiga à amada que virá


vaso despedaçado
recomposto restaurado
meu coração de ti, senhora

requer mimos cuidados

vaso despedaçado
erguido reedificado
meu coração de ti, senhora

requer teu coração, implora

vaso raso
fundo profundo mundo
meu coração sedento de ti, senhora

bate aceso, ora, ao eterno adora

 


                                                          Elias Paz e Silva
                                                          31/05/2003

 


colheita ii


semente frutífera
           a palavra
                 lavra
                o solo
                 a sol

 

 

minha bandeira és tu, poema


minha bandeira és tu, poema
meu emblema
solução para qualquer problema

 

 

no canto dos olhos


no canto dos olhos
uma lágrima-sorriso
ressoa amanhecendo

 


pássaros são flores


pássaros são flores
cantando ao vento

 

teu sorriso feliz


teu sorriso feliz
precioso bálsamo


abrigo


abrigo
a eternidade
em mim

 

lavores


lavores
louvores
                                            


lâmina de luz


lâmina de luz
me corta

acende natureza torta

 

sei


sei
o quê não
sei
                                                         


sôo


sôo
sou
                                                             


terno


terno
é terno

o amor

alegre-flor
                                         


tento tudo


tento tudo
mas mudo

permaneço atento
mas surdo

palavro ao vento

 


mister


mister
mistério

enigma-me

sou sério
          rio

 

vejo


vejo
o pejo
moça

ser
rio

adoça-me o a-mar

 

côo


côo
o pó das estrelas

sôo
só de vê-las

 

sola gratia


sola gratia
solo grácil
                                                     

 


em íntimas entranhas


em íntimas
entranhas

estimo estranhos
                                            


receio


receio

cheio

avanço
danço dores
dono de nada

 

Dobaliana


lembrança de curral
na tarde oval

feixe de palavras
sobre o verão de arder

ao sol seca o tempo

chove o silêncio
na cidade infante

 

rio de sentidos


rio de sentidos
mar de amar


verbo em fogo na face

 

.......................................................................


teu gesto vário

 

teu gesto vário
toque de vento


peixe sem aquário

 

......................................................................................

 

ar


ar
fôlego
sopro

à face ascendo


.......................................................................................

 

antes que anoiteça


antes que anoiteça
teço estrelas


folgo em vê-las


..............................................

 


teço


teço
a nota


so-li-da-ria-men-te


...................................................

 

semeio


semeio
boas novas


apascento o verbo
vento


.........................................

 

solo decerto


solo decerto
(sol
 o
 deserto)


miragem de paisagens

.............................................


a ira não


a ira não
aprofunda justiça


na liça diária


cingir-se de amor
armar-se de amar


conjugar o verbo
            do ar


...................................

 

herança de estrelas


herança de estrelas
herança de areia


trago na veia
o sangue semita


sem mito tateio
a vida em meio


apascento no seio
o veio do mistério

 

.........................................

 

palavra


palavra


lavra que incendeia
a alma


palma
mãos glorificamos


salmos

............................................

 


prudência divina

 

prudência divina
a sina
ensina


...........................................


carta selada


carta selada
enigma
a decifrar
o sonho


cardo calado
emudecido
viajo alado


curvo-me ao Vento
que me cala e fala

.............................................

 

sopro do céu

 

sopro do céu
circula-me as artérias


sou palavras e atos


......................................................
......................................................................
entre

entre
o gari e o rabi


semelhança de irmãos

...............................................................

em meio à multidão

 

em meio à multidão
sigo
veredas do coração


.............................................................

 

eucológico

 

deixei
o luxo no
lixo

 


deságua em mim

 

deságua em mim
o cheiro de jasmim

 

cuidemos do planeta

 

cuidemos do planeta!
não rabisca a árvore
a caneta preta

 

os lábios tecem

 

os lábios tecem
o mistério
a língua toda tremula
o corpo aquecido viceja
veja: há sentido
em cada partitura ao ouvido

 


brisa doce

 

brisa doce...
que bom!
somente assim
a vida fosse...

 


sendo assim

 

sendo assim
meu irmão
fique pertinho de mim

 


sob teus cuidados

 

sob teus cuidados
paizinho
recebo este carinho

 


tenho sede

 

tenho sede
de ti
embalo de rede

 


papai do céu

 

papai do céu
a terra é
teu carrossel

 


no colo do carinho

 

no colo do carinho
o passarinho
cantou solidariozinho

 


o sol

 

o sol
solidário à lua
fê-la pousar
toda nua

 

teu olhar

 

teu olhar
estilo de resplandecer
teceu
na face o modo
de ser

 

faço poemas

 

faço poemas
como uma criança
pequenina canta um hino
                às vezes sino
                às vezes tino
                às vezes pino

 


componho

 

componho
com o Ruach
uma canção nova

toda a vida aprova

 


Poética IV

 

ri
minha
ri
mais

 

o mar

 

o mar
tirando
onda

 


canto a origem

 

canto a origem
das coisas
a palavra pousa

 


Profética

 

contemplo
em visão
a glória
da criação

 


bom de bola

 

bom de bola
faz balão
com tampinha
de coca-cola

 


vestiu-se


vestiu-se
de um sorriso franco

felicidade não se
financia em banco

........................................................................................

 

o mesmo vento


o mesmo vento
             sopra em ti
                     em mim

o que conta e encanta
é saber o oleiro a moldura do vaso

 

 


                                                     Elias Paz e Silva

 

a vitória deste ...


a vitória deste
dia é a doce
certeza da salvação

 

o que partilharei


o que partilharei
contigo, meu irmão?
um coração calado
palavras (im)pronunciáveis

e este modo de ser
tecido em oração

 

a vida me basta


a vida me basta
vasta solidária

(teu sorriso é
minha alegria
teu verso
minha poesia)

a vida me basta
              casta

 


olhos ao alto


olhos ao alto
planície planalto
céu mar
vôo de pássaros
chão

 


o homem não nasceu


o homem não nasceu
para a solidão

como um pássaro voa
na amplidão

à cata de ninho/carinho

 

 

é ter na mente

 

é ter na mente
viverei seguro
à luz inauguro
doce incandescente

 

aprendiz de pássaros

 

aprendiz de pássaros
o voo
o canto vário da terra

aprendiz de vento
cicio suave tranquilo

aprendiz de nuvens
o algodão dos rebanhos
montanhas faces

 


a luz que trago

 

a luz que trago
comigo
contigo partilharei

sois estrelas
esplendecentes

 

ir   mãos

 

ir   mãos
vem abraços

aconchego táctil

 


solidário só

 

solidário só
aspiro à estrela da manhã

quando vieres para o abraço
por favor
aceite meu descompasso

 

reina em meu coração

 

reina em meu coração
a paz

temos água
         pão
         vinho

somos ninho
         carINHO

 


oferta

 

te ofereço
minha felicidade
transfigurada

meus dentes restaurados

um pouco louco
te dou, de graça,
o sêmen da raça

 

Confissão

 

confesso
sofro a dor da perda

todavia
herdo a felicidade
que amanhece

 

Línguas

 

cheirecanta
lassiramanaias
sherinaias

línguas de fogo repartidas

decifro os mistérios
recomendo o saltério

 

100 %


cem por cento
           sorrio
           levanto
           assento

cem por cento
           me dôo por inteiro
           (e nem nado em dinheiro)

cem por cento
           ás vezes tento
           outras vento

 

ponho no poema

 

ponho no poema
o sangue

ponho na vida
o mangue

ponho no sonho
o tanque

 

oração brota

 

oração brota
do interior
do íntimo do ser

ação posta

 

enigma no ar

                                                para H. Dobal e Paulo Machado


que anjo sobre a cidade
anuncia coriscos na nuvem?
mensageiro do poente
o sol se declina em fogo no oriente
clarazul céu de enigmas
decifra homens taciturnos de esperança
os rios riscos primitivos
seca suas margens de areia e sonho
um artifício de paisagens
pontifica demolindo memórias antigas
à fome de justiça sobrevive
o rapaz da rua da glória
o que que há que não
se intui quando o vento de setembro na pele imita carros de fogo
uma aliança renovada
sustenta o arco-íris na retina dos habitantes
depois do verão solar
chuva de raios trovões no metal dos pára-raios das árvores secas
o relógio rosa da praça rio branco
ensina uma política de signos sob a velhice retórica
o mesmo anjo que circundou uma espiral
a margem da floresta de pedra a retidão da frei serafim silencia:
VIVER É VINGAR-SE DA MORTE!

 

uns


um abraço
um sorriso
     passo

um carinho
um abrigo
     ninho

um canto
um tanto
     acalanto
                                            

02 / 10 / 09
                                            
14 / Tishrei / 5770

 

Essência


                                                              
F A Z E R
     S E R

 

 


santo


kadosh kadosh kadosh
deixei ao largo o deboche

 


SHALOM


quando o céu
proclama
sua chama

(sobre)viver
na terra
é descansar

da guerra


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Cláudio Carvalho Fernandes e Elias Paz e Silva
Enviado por Cláudio Carvalho Fernandes em 08/01/2025
Alterado em 08/01/2025
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