INÉDITOS
oferta
aroma de flor
amora de amor
lilás o sonosonho
shabat na tarde,
celestial alegria.
bem próximo o fim do mal.
Experimentos Concretos
Novos poemas inéditos
há silêncio
vai avançada a hora
grilos orquestram
uma cantilena lá fora
comovido faço
versos de esperança
um canto traço
como quem dança
há silêncio
vai avançada a hora
o amor clama a fio
coro imploro
31/05/2003
agora que o vento
sopra em mim esta canção
o tempo de amar é são
raro todo intento
agora que o vento
inscreveu em mim esta canção
o espaço de criar é vão
à língua todo instrumento
agora que o vento
cravou em mim este momento
invento asas à imaginação
às portas do teu segundo advento
31/05/2003
não me ofereças
somente a aridez
do teu corpo deserto
quero mais: aroma
de flores ao vento.
31/05/2003
POEMA DISCURSIVO À MODA ANTIGA
(Oração Moderna de Fim de Shabat)
nesse final de shabat
me envolve o frêmito do eterno
luz canto remoto assim
toda vez que o rolo do livro se abre em mistério
(o coração de pai suspenso ante a menor profusão dos sentidos)
neste final de shabat
a oração se interpõe silenciosamente em línguas familiares
ao mundo ao século à carne ao corpo
me possui voraz o coração a esperança tranqüilos
neste final de shabat
às portas do templo que sou
o muro ocidental em louvores me convida
à nova Jerusalém revivida no sangue
na república em dois pedaços de mim
império da eternidade
neste final de shabat
não há velas nem ritos antigos ou flores que anunciem
a festa das semanas
afogado em afagos o fogo interior
asperge amor por e a cor do sabor
agora é o tempo e seus enigmas à luz da noite, ó noites
afoito entre cãs cardos silêncios brados
neste final de shabat
inauguro a escuridão em delícias, sozinho, contigo mesmo
o salmo feliz da certeza
de outra luz outro dia
outra vida mais viva
repartida como estrela clara suspensa sobre o rio lilás
POEMA À ALIANÇA PERFEITA
Vaso despedaçado
Recomposto restaurado
Meu coração de ti, senhora
Requer mimos cuidados
Vaso despedaçado
Erguido reedificado
Meu coração de ti, senhora
Requer teu coração implora
Vaso refeito
Fundo profundo mundo
Meu coração de ti, senhora
Aceso sedento, ora
31/05/2003
coração de pai
não se contenta em ai
coração de pai
às vezes entra
às vezes sai
coração de pai
abrigo contra perigo:
amor, dái!
31/05/2003
Tão bom
o som
do teu tom
21/05/2003
som do sax
viola no saco
canto vácuo
21/05/2003
teu imerecido favor
senhor
tomou conta de mim
assim, ó sim!
graça bela
a se debruçar
Na janela
santo cicio em jasmim
jaz, jazz em mim!
Sabor de romã
teus mandamentos imã!
Ó senhor, és, és...
O amor em fulgor
Lírio, flor...
UNI VERSO
Só
Pó
Dó
ALIANÇA
Não serei teu poeta
Ou far-te-ei versos de amor
Não serei teu cantor
Não serei teu amante
Muito menos amigo distante
Depois ou durante o afago
Serei, somente, irmão
Despetalando teu coração:
Eu, Israel; tu, Sião.
31/05/2003
Entender-te-ei no olhar
Gesto face falar
Irmão, amigo, esposo
Dar-te-ei comum gozo
À sombra de nós
Peixinhos soltar-se-ão
Dos anzóis
31/05/2003
olá, canção!
Cá estou eu,
Tomado de emoção:
Luz no breu!
31/05/2003
enquanto tempo de ceifar
se aproxima planto semente
em cada gemido
respirando novo ar
somente sentir não basta
o mundo mergulhado em noite vasta
é necessário interferir
totalizando sentidos no ser
aqui agora sempre alerta
fugazes visões me habitam
enquanto sopro este inverno
outros verão de canários
- o tempo de colher é vário
carrego a certeza do céu
enterrada nas entranhas
visões sonhos múltiplos
a essência do mistério desvela
carrego suspenso no madeiro
o ser tão fraco quanto forte
a esperança mais à sorte
águas em despenhadeiro
tenho mãos olhos cheiro
natureza em milagres renovada
enquanto em mim ponho à prova
sendo o último desde o primeiro
sutil lilás me envolve
ondas em vinha
pelos riosmares
do meu ser intacto esfacelado
em pacto ungido para sempre
rios brotam dos olhos
salgados rios
no mar dos acordes
assim de sonho em sonho
acalanto na tarde à rede
o balanço da espera
pregando contra branca parede
um cântico do íntimo ensaio
alvas notas azuis
me sustentam quando cais
e nesse cair que me arrebento
um novo rebento sempre vário
ressuscito à vida atento
feliz peixe em aquário
largo o poema
largo o poema
ao léu do vento.
atento intento outro
invento.
acalanto.
especialista
especialista
em coisas que
não sei, que
direi? Amai. Fazei.
Aguardai o Rei.
vestido de si
vestido de si
solfejo outro canto.
semeio quanto.
virá o verão
virá o verão
rirão ou dirão?
ver assim mesmo:
alvo a esmo.
retroceder?
retroceder?
por quê?
seda o esteta
palavra fora de meta.
tenho mãos e vejo
tenho mãos e vejo.
tenho olhos e faço.
quem semeia o desejo?
um abraço, laço, lasso.
tardes ardentes
tardes ardentes
quando o vento íntimo
sopra voragens.
tardes renitentes
quando o espaço curvo
é viagem, é viagem.
que planto quando canto?
que planto quando canto?
palavras-semente, um tanto
outro quanto.
duro como uma flor
duro como uma flor
flexível como pedra
o amor em mim medra
a palavra me salta
a palavra me
salta dos olhos.
ponho de molho
o silêncio leve.
pessoas pedem perdão
pessoas pedem perdão
quando se comove o coração
há paz nos gestos
quando se ama o irmão
A paixão passou
A paixão passou
Não era amor
Só o corpo em fulgor
PERGUNTA INOCENTE
Tamanduá bandeira,
sem eira, nem beira,
diz qual é a cor
da nação brasileira!
Elias Paz e Silva
meu poema se encontra
meu poema se encontra
lá onde os rios se entrelaçam
pobre de mim
mendigo até o fim do poema que te alastra
meu poema se encontra
lá onde os rios se entrelaçam
sua voz de muitas águas sua canção em ondas
de mar bravio
(só por um fio, poema, aceitei teu desafio)
meu poema se encontra
lá onde os rios se entrelaçam
o verso - fala - todo o despojo desta canção vital -
fere range os dentes traz vida vida vida
luz na escuridão
vou te abraçar irmão
vou te abraçar irmão
com este pobre poema pobre
é tudo que tenho
recebe também minhas vestes rotas
este pão
esta oração
somente, amado, traz a unção
vamos compartilhar coração
a novidade
a novidade
é a vida mesmo
em gestos de encontros
a novidade
é a vida mesmo
parindo a esmo
a novidade
é a vida mesmo
- a morte não
é a saída
me tece
me tece
quimera nova
ponho à prova
nervos à flor
nervos à flor
da pele
navegas esperança
o amanhã tecido
entre pomares
renovação nos ares
leão
leão
peixes à boca
perpassa
o sol manso
há o mar
há o mar
o desenho branco das ondas
vestes verde-azul o horizonte
(confluência de signos)
crianças brincam na areia
o incessante soprar do vento
o incessante soprar do vento
no imenso agora
se instaura hora após hora
à eternidade intento
rumores de águas
rumores de águas
vento leve odores:
céu, sol, sal...
o nome se pronuncia
o nome se pronuncia
no dia do perdão
o nome não se diz em vão
o nome se diz feliz
temor tremor amor
o nome é que o bem quis
o nome forja o homem
criação luz razão
o nome é três, irmão
ó lingua
ó língua
gen
lira
ó delírio
cânticos em hebraico
cânticos em hebraico
um amor antigo, arcaico
alegre e farto
ser universal
ser universal
no meu quintal
arapuca
arapuca
pés de milho
siriguela manga goiaba capim santo
peladas à tarde
peteca triângulo arco-e-flecha
(a infância floria à solta
na paisagem revolta)
como eu quero
como eu quero partir? assim
Yahveh, em nome de Yeshu'a, recebe
este pó que tu, só tu, Senhor
transformas em pura luz!
como eu quero partir? assim:
sem temor, sem medo, sem terror,
entre alegres cânticos de louvor,
envolto num manto lilás de amor.
como eu quero partir? assim:
um suspiro profundo de alegria,
um sorriso incontido de vida,
um doce aceno de despedida.
como eu quero partir? assim:
no teu querer, em dia de renascer.
no toque
no toque
leve do vento
in
vento
canção de ninar
canção de ninar
vem os sonhos embalar
canto de amor
canto de amor
o poema
subverte o torpor
ponho o sonho na algibeira
ponho o sonho
na algibeira
lembra-me a luz
o canto hebreu
entre ti e mim
um novo elo
faz-se o canto
faz-se o canto
sal santo
faz-se a poesia entre
dor alegria
faz-se a esperança
na vida em contradança
réstia de luz
réstia de luz
é o que compus
a poesia do dia
a poesia do dia
é um verso livre
branco franco inaugural
como um primeiro ato - virginal
a poegt;
ouvirei tua voz macia
ouvirei tua voz macia
segredando mistérios
contemplarei teu corpo ferido
no fogo inicial das estrelas
compartilharemos o amor
no viço eterno da criação
(a comunhão fraterna nos envolverá
como abraço)
por que não dize
por que não dize a que vieste, nesta hora, poesia inconclusa?
não és estro, não és musa - és apenas esta dor, esta dor difusa
misto de calmaria / pranto, doce comunhão / alegria, quero somente
teu mar - verbo de fogo - onde se acende a fraternidade.
por que te apresentas assim, fiel amiga, esperando
de mim a palavra impura?
e já que não és nada, nem um abraço amigo, quero proclamar,
ante o teu festim, vai, sai dos ossos, salta fora de mim!
bila bela
bila bela
arquivada nos confins
da infância
peteca ponteira
sempre teimando em passar
a rasteira
teu coração
teu coração restaurado
jardim regado
me apascento
teus grandes olhos
luz do caminho
carinho linho
teu ventre terra
chuva semente
broto novo se encerra
13/01/07
o sabor do amor
o sabor do amor
primeiro
desde sempre esperado
cheiro de fêmea
na antemanhã dos teus olhos
sempre terna yerushalaim
especiarias raras
embelezam os sentidos
sião se revolve em anelos
serei seu
serei seu
serás minha
somos vinha
ana aninha
imperativo
fazer poemas
é difícil
quando a vida é
táctil
poesia
é raro
o instante
em que te insinuas, poesia
(a alegria da partilha urge
cotidiano viver em comunhão)
é claro
o momento
em que me ausento
para beijar tua face nua, poesia
07/03/07
toque
tantos toques teus - e eu
ali ausente do todo
frêmito divino a vida - e eu
aqui em outra vida mergulhado
colherei o improviso
ao eterno instante desenhado - e nós
sons somos
07/03/07
desvivi
desvivi
tateando o escuro
(sobre)vivo
na iluminação do monte
água cristalina sorvida à fonte
não há poema
não há poema
no sorriso que se fende
há poema
na natureza em frente
não há poema
na mesmice dos dias
- simples, o poema
resiste aos artefícios
07/03/07
pombos picam migalhas
pombos picam
migalhas.
pardais partem
pertinho.
o cavalo-do-cão
não se aproximará.
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Notas do editor:
"Cavalo-do-cão" é a "designação comum aos insetos himenópteros da família dos pompilídeos, caçadores de aranhas (Sin.: Maribondo-caçador, vespa-caçadora)"; um besouro robusto e, geralmente, de coloração escura, com ocorrência variada na região Nordeste do Brasil.
Assim:
01- "Cavalo do cão" é, no Nordeste do Brasil, um tipo de grande besouro negro;
02- "Cão", no Nordeste brasileiro, é outra designação para diabo, demônio.
__________________________________________________________
Constelação
derredor do amor uma
nova
c n t l ç o
o s e a ã
si formou
a cara alegre (oficina da palavra)
vim
mendigo da alegria
buscar aqui, meus senhores
o pão da poesia
Cantilena
esta cantilena no telhado
são gotas de nuvens aladas
em cada passo uma estrada
em cada coração uma sacada
ENTREGA
tenho mãos e vejo.
tenho olhos e faço.
quem semeia o desejo?
um abraço, laço, lasso.
Ao Toque
ao toque
do shofar
aqui acolá.
ao murmurar
da vida
aconchego guarida
Que planto quando canto?^
Que planto quando canto?
sementes-palavras, nem tanto.
EXILADO
exilado em minha
própria terra
adoço o anonimato
destas paragens
escolhida sião
ilumina a busca
de uma companhia outra
que não se ofusca
o ser por dentro
traduz a solidária natureza
da alma luminúrias
calo o choro nas entranhas
choro ruminando coro
alegria renovada além
do corpo seus segredos
numa não-sonhada salém
carapaça
vestido de si
solfejo outro canto.
semeio tanto.
teus segredos
teus segredos quero-os
meus na nudez dos gestos
acarinho teu dorso de fêmea
no cerne do amar
visitaremos o (im)possível
a vida que se abriu em mar
cheiro celeste familiar
17/01/2007
Da ignorância
especialista
em coisas que
não sei, que
direi? amai fazei.
aguardai o rei.
virá o verão
virá o verão
rirão ou dirão?
ver assim mesmo:
alvo a esmo.
retroceder ?
retroceder?
por quê?
seda o esteta
palavra fora de meta
vínculo
largo o poema
ao léu do vento.
atento intento outro
invento.
acalanto.
haicai das lágrimas
sereno sereno
fonte de olhos claros
chuvisca a nascente
filosofia
todo dia
como poesia
1
uma casinha
asinha
ninho de carinho
aninha
semente linho
mais um pouquinho
outro tanto
outro canto
onde santo
me alinho
22-23/01/07
cançãozinha
fiz essa canção
de sim e de não
embalo de vinho
gesto em carinho
fiz essa canção
fogo em tição
gravei teu pudor
na tábua do meu coração
22-23/01/07
Línguas
l'assir siriamanaias
palavras do vento
sétimo sentido
fôlego de vida
em cada veia
pulsa meu amor insano latejado
l'assir siriamanaias
o antigo homem
à luz do novo
sorriso da alma
sorriso da alma
meu amor
espada em flor
sintaxe
o fruto de maduro se parte -
sintaxe de luz
tempo (2)
de vez em quando
ando
ando
ando
a poesia acontece luz
em mim
predestinação
o criador me predestinou
algo maravilhoso
alimentar uma flor
apascentar um rebanho
de estrelas
Nova Jerusalém
quando o templo
do meu corpo
se fendeu por jerusalém
o aroma de flores celestiais
penetrou-me as narinas
exato, o amor impossível
construirá o mistério
insondável da semente na terra
do teu ventre
frutos viçosos brotarão
renovando a face das águas
tranquilo, apascentarei
os rebentos do eterno
nos campos edificados do céu
ante a festa das bodas do cordeiro-leão
entre verão e inverno
Elyahu Shalom Ben Israel
Certeza
em meus passos
abraços densos
repouso em teu regaço
Todah (da gratidão)
na voz do filho
no livro de poemas perdidos
ó graça anelada
desde as entranhas
te decifro, pão eterno
Dia segundo
a brisa mais leve que o ar
sussurra, frisa: importante é como andar
qual poema que se inscreve no vento
à luz de cada intento
sereno
novo renovo
sob o manto do sereno
que te veste, passeio
refaço cada passo
faço da poesia
meu recreio
tus silhueta
tua silhueta
comigo sobre as ruas
coração brando
(des)vendo a limpidez
dos teus movimentos
varoa clara
grANDEs olhos
pele rara
o que o Eterno ternura
em secreto nos reserva?
não há distância
o desejo de tê-la em meus abraços
é um sonho sereno tranquilo
..............................................................................................
ao toque do shofar
ao toque do shofar
avançarei sobre as muralhas
uma a uma pô-las-ei abaixo
até a brisa sussurrar no íntimo
a shalom tão esperanceada
não aos nadas
sim à vida-flor desabrochando
plene de revelações
tudo tão claro
como o poema dos teus olhos claros
visita
se me visitas, poesia, nesta hora
traze contigo melhor esperança
dize o deus a quem adoras
do verbo não me adianta a dança
sei o teu perfume, conheço-te inteira
a forma e não ignoro tuas arremetidas
todavia não sou poeta, digo-te, à beira
e além do som de tuas idas vindas
se me visitas, poesia, a mim imploras!
aflora, flor sem nome, decora
os ritos de chegar e partir
como leve manto a cerzir
não, amiga, vai-te embora!
há paz, à minh'alma consola,
o tesouro que tenho nos céus
e o eterno que por mim chora!
23/10/2003
27/tishrei/5764
sapos grilos
sapos grilos
anunciam o inverno.
o eterno fala águas
e faz chover.
visto
visto
o (im)possível no teu olhar
ar
de bela
indômita
revisto
o lilás dos sonhos insabíveis
( ouvi o toque do shofar
sobre a cidade )
soa no íntimo
a voz do vento: caminhar fazer amar
até o céu descer
sons são signos
sons são signos
anteriores à procura
sons são letras
posteriores ao paladar
no sonho
no sonho a altura
gozo pureza alvura
(anjos celestiais assistem em coro)
é real a procura, amor
07/03/07
KUACH
Não estou só
Há alguém em mim
Silente cicio suave
Orquestrando meu andar
Não sou só
Solidário solfejo melodia
Em mim
Acende candelabros vários
Terei tua companhia
No necessário desejo do sonho-visão
Momento em que assunto
Teu sopro infindo
de todos os amores
de todos os amores
que me visitaram
só um ficou
perdura infenso ao frêmito
das circunstâncias
amor eterno
em buscar de outro amor terno
gesto
gesto vário de acalanto
amar é espanto
com versos
com versos
converso
arte
arte é físsil
arte é fóssil
PROESIA
Este poema
não nasce do acaso.
Veio do vento.
Veia do intento.
É um poema simples, até sorri
de si e de sua "transinspiração".
É calmo. Alvo. Solidário.
Jamais solitário: nós o reconstruímos
do pó. Do nada. De algo mais.
Simples e preciso, puro como uma criança impura.
Aliás, é de pureza que ele cala.
Ou melhor: exala.
A pureza, por exemplo, da nuvem suspensa
no azul infindo.
O poema, também, é santo e alegre, como este sábado
à tarde (meu filho adolescente pedalando por aí, nas ruas;
eu em casa, tremendo...)
Separado. Claro. Pleno.
Como saberás, leitor(a), se o poema quer dizer algo?
Branca página entre negras letras, sem fundo amarelo ou vermelho.
O poema, claro, tem a cara de outro poema e beija a face dos homens.
Todavia, é meu, é teu, é vosso - água cristalina
em impetuosa torrente. Ar genuíno de montanhas e bosques.
Fina fissura estetizada.
Não declara o óbvio, o poema. Não diz "silêncio".
Apenas sussurra: leve alegria
da palavra poesia.
Elias Paz e Silva
09/10/2004
risalegre
risalegre
choroconsolo
coro (de)coro
sonho colorido
sonho colorido
desperta aleg(o)rias
vibra
vibra
rei!
fibra!
Parousia
Yeshu'a se manifesta
a natureza faz festa
Face de Céus
pai, tua face azul vela
resplandece estrelas
nuvem cor-de-rosa
exala noturna certeza
tua palavra
tua palavra desde os céus
resplandece meiga nas faces
a cidade desposada
em tua presença renasce
solidário caminhar
solidário caminhar
vereda estreita
o amor espreita
desrevelação
sol...
e
dão!
.............................................
vendo a invisível face
vendo a invisível face
do eterno
audível voz doce
Ethos
sensível ao movimento do vento
me fiz
sou o que sempre quis: feliz!
a revelação da hora
a revelação da hora
quando se despe o dia de sua luz tênue
tende a tendas estupendas
o corpo propõe o que desvendas
sei o ser
sei o ser
seus limites
sei a vida
seus palpites
sei o verso
seus anversos
antes que a alva teime
antes que a alva teime
em arrefecer o cansaço, aviso:
sou a esperança que diviso.
quero um amor eterno
quero um amor eterno
terno
nas notas tenras da paixão
um amor jerusalém monte sião
neste abandono de tudo
neste abandono de tudo
mudo
contemplo o crepúsculo
o músculo que me agita a face
grita
melhor o alvorecer
seus começos
meço
enquanto lembro esqueço
carpirei o ocaso
carpirei o ocaso
celebrarei o nascente
sei o estar poente
signo de toda a gente
há um jeito de ser
há um jeito de ser
denotando o querer
há um gesto sensível
ao silêncio audível
enquanto a toada de tudo
enquanto a toada de tudo
me oprime o riso
diviso outro absurdo
desvelo revelo surdo
meu sorriso
meu sorriso
é dádiva do eterno
se faz verão em pleno
inverno
poética iii
poemas são filhos
trilhos para o além
uns nascem amadurecidos
outros prematuros vêm
todo poeta
todo poeta a outro
arremete
humano toque divino
gesto solidário
todo homem a outro
assemelha-se
um passarinho ...
um passarinho
tece a tarde
com carinho
agora é a hora
agora é a hora
em que tudo transmudo
agora é o verbo em ação
silente como folhas ao vento
silente como folhas ao vento
o endereço de mim invento
velarei por ti meu amor
velarei por ti meu amor
enquanto a cor da alva for
o sorriso fácil
o sorriso fácil
táctil
sensível ao solo do sopro
postulado de apóstolo
postulado de apóstolo:
o dolo do tolo
é da misericórdia o consolo.
não me retenhas
não me retenhas
a alegria da descoberta
a vida é obra
eternamente aberta
14/05/2002
NOTURNO
rosa anoitecida
no jardim
fresta da noite
aberta
entre íris
o poema fica
roendo a escuridão
divino frêmito
divino frêmito
se instaura
sanguefogo
profecio
etéreas palavras
doce arrepio
14/05/2002
pródiga em pérolas
pródiga em pérolas
a vida
parábolas
no coração no céu
da boca
14/05/2002
NIDÁ I
glorificar o eterno
no ato de conceber
amor fazer sem sofrer
bendito banho
leite e mel
no deleite do amar
em canções de adoração
ternas eternas
frutificar a vida entre pernas
Elyahu Shalom Ben Ysrael
NIDÁ II
não cantarei o amor
à grécia
cego de prazer
vislumbrarei a bendita
esperança no ato de fazer
simplesmente amarei
em canções de louvor
ao meu rei
Elyahu Shalom Ben Israel
POSSIBILIDADE
Viver o amor novo
é plantar flores no paraíso
viver vida nova
é por o amor à prova
vida: amor em movimento
flores repartidas a cada momento
Elyahu Shalom Ben Israel
SEMEAR A PALAVRA
semear a palavra
no útero da terra
engravidar de vez
o fruto novo no ventre
colher a porção dobrada
do cálice da alegria
dia a dia
Shomer Yisrael
como um jovem
sentado na praça
espero o Mashiach
com o cicio das nuvens
com a gota do vento
com o sorriso lembrado
espero o Mashiach
pulsando pulsando pulsando
espero o Renovo
a visão dos sóis dos olhos teus
dos céus espero o Mashiach
não descansarei, jerusalém
o ouro das tuas praças
o cristal das tuas ruas
o regozijo das tuas faces
espero o Mashiach
não dormitarei durante as vigílias
da noite intensamente
repousarei tranquilo no teu colo
discípulo amado perante tuas faces
espero o Mashiach
serei silente
nesta hora, meu amado
orarei suave serenamente
buscarei as faces do eterno
cheio de emoção
rios de lágrimas nos olhos
sou o pó das tuas pastagens
o verbo da tua carne
lavra da tua palavra
orarei silente nesta hora
vem, ó meu amado, não demora!
o mundo carece de ti
de teus mansos passos de leão
de tua mudez de cordeiro ante o sacrifício
do teu amor inexprimível em gemidos
serei silente
orarei somente nesta hora
nada farei não darei um passo
simplesmente orarei
o verbo em fogo dos teus palácios
tuas casinhas benditas ao pé do monte sião
quero a tua pureza inatingível
teu amor santo e benfazejo
talvez na tua face um beijo
voarei nas asas do vento
voarei nas asas
do vento
a qualquer momento
sumirei entre nuvens
ao céu dos céus
ante o toque do shofar
vestido de no(i)vo
voltarei infinito
ante espanto e gritos
Elyahu Shalom Ben Ysrael
águas cristalinas
águas cristalinas
desde os céus
destilarão mel
palavras doces em israel
puras partituras de perdão
no coração da casa de david
eis que o mashiach
resplandecerá em grande glória e poder
pelejando pela menina dos olhos
Elyahu Shalom Ben Israel
das fogueiras da inquisição
das fogueiras da inquisição
nasce meu amor judeu-cristão
amor sem sexo ou religião
amor apaixonado
levando feridas às costas
e curas à tardinha
não quero teu manto mentiroso, roma dos gentios
nem tua face universal à venda
é um amor claro (sem dúvidas ou dívidas)
sacrificial
cheio de renúncia
menos avaro
altruísta
saúda o mendigo daniel
a pedinte maria
e pede revisão de estilo
das fogueiras da inquisição
nasce o meu amor judeu-cristão
estremecendo os infernos
e o próprio satã
amor de nome
codinome
Yeshu'a ha Mashiach
raiz e geração de david
(meu) lado sombrio
(meu) lado sombrio
mar geia o rio
REPÚBLICA fhc
fulano de tal dos anzóis sem norte
nasceu à margem de nome e sorte
sobrevivente de calamidades mil
resiste incógnito às estatísticas do brasil
no solo ensanguentado
no solo ensanguentado
da capitania
cabeças piauís à margem
do paraguaçu - e da história
mar de amares
mar de amares
tecido de múltiplas vozes
finca o fôlego
essência do infinito
16/08/2002
palmas nas mãos
palmas nas mãos
curumins acroás
suplicam misericórdia
a ferro foice
exterminadores
mesmo a calmaria, sem ti, parece miragem
és a shalom
que floriu em mim
o doce encontro de puras amizades
abraços de irmãos
declaro que, sem ti, ó meu amado
a renúncia
a simples renúncia à avareza à dúvida ao vício
não é possível
muito além das nuvens do céu
muito além das nuvens do céu
há uma morada para mim
no infinito azul sem fim
onde não reluz o negro breu
muito além das nuvens do céu
cantarei com arcanjos e querubins
louvores ao D'us de Israel
doces canções entre serafins
ó sim, eu sei, muito além
das nuvens dos céus
na eterna Jerusalém
adorarei o rei de Israel
uma casinha, só minha
tecido de ouro puro cristal
onde o amor não definha
onde luz e sal são igual
Entrega
senhor, tu és minha grande alegria
óleo de vida, paz, poesia
és tudo para mim: amor, mar
o doce vento sem fim, amar.
eis que tudo te entrego, senhor
devolvo a ti o que é teu:
fôlego, respirar, existir.
oferto em amor o meu porvir.
senhor, eterno de sião, Helohim
na imensidão dos céus sem fim
hei de habitar contigo, sim
numa casinha tecida por malaquim
senhor, no sorriso do irmão
revejo teu sorriso suave são
ó tu que habitas em sião,
cantemos em uníssono coração!
no gesto de carinho
no gesto de carinho
vejo a flor
vejo a dor
vejo a coroa de espinho
no gesto de amor }
vejo o Senhor } BIS
no gesto de amor
vejo o carinho
vejo o passarinho
vejo o ninho
vejo o anciãozinho
no gesto de amor
vejo a paz
florindo sem dissabor
vejo mais
vejo cãs / cais
ah, que doce morada
ah, que doce morada
tenho em ti, ó Sião!
leito de terna amada
veio das veias do coração...
o rio da água da vida
irei conhecer finalmente
ó cidade de ouro cristal
passearei em tuas ruas reluzentes
o verbo eterno hei de rever
sua irradiante luz, seu olhar
face a face hei de ver
o senhor do céu, terra e mar
ah, quão doce morada
tenho em ti, ó amada
eterna jerusalém desposada
de ouro e luz resplandentes
minhas amadas têm olhos eternos
minhas amadas têm olhos eternos
regozijo nas faces
riso de flores
cheiro suave de jasmins enfeitam seus cabelos
suas faces multivárias rosadas serenas
ah, estou enamorado, meu amor
quero a ti
a tua forma fêmea multicor
minhas amadas têm olhos eternos
ternos e lilases são seus sorrisos
regozijo triunfante nos ventres
bênção de sexos atuantes
yerushalaim vive em mim
como várias princesas
em um só marfim
ó yerushalaim, vives em mim
israel ressurrecto de holocaustos vários
povo eterno restaurado em d'anos
minhas amadas visitam
meus sonhos de paitan
o menor dos teus profetas
se debruçam sobre a minha pequenez de barro
apascentam montes de mirra e coroa de cáries
ANTES E AGORA
quando a luz
pontilhava na escuridão
vivíamos o martírio da não-vida
agora
que a clareza de tudo
possuiu o silêncio
vivenciamos iluminados a esperança
(noite não há
só o dia
com seus sóis sem ocaso)
11/12/2004
ESPÍRITO
acesa a lâmpada
toda a casa translúcida
ao ver do vivo
celebro triunfante
festivo sábado em mim
sempre o sim
do sinai
PROFECIA
11/12/2004
PROFECIA
virás
com as nuvens
glorioso sol em esplendor
lágrimas celebrarão o concerto
do povo santo em deserto
SHAMAH
SHEMAH
Ó ISRAEL
ADONAY ELORENU
ADONAY ERRAD
não o demônio grego
não o demônio grego
que me possuía outrora
antes a escuridão do cego
agora o lilás da glória
não pistas artistas
(beleza à vista)
agora a vereda do monte
da planície à fonte
compassiva alegria
1. compassiva alegria
silêncio sereno
c'oração harmonia
vento ameno
2. no algodão das nuvens
no anil do céu
no campo de amor
revisitas israel
3. tua face de céus
brancas nuvens
flores colores
os céus se descortinam
os céus se descortinam
em enigmas
ante os sete portais
da cabeça
quem quer subir
desça
teu vôo imperceptível
teu vôo imperceptível
alegra os astros
aos olhos és invisível
semelhante a muitos sóis
a kahal em novos cânticos
saúda-te, ó esposo prometido
ouve, ovelha a voz do sumo pastor
que por nós veio em amor
a vida vindimada
a vida vindimada
o fôlego ascende entre nuvens
o fogo abrasa a obra
na presença dos livros
a libra livra ou incendeia
o sopro santo
o sopro santo
o mar de sal
enche-se de peixes
asas em casas
língua de fogo abrasas
a vinha ao vento
nasce de novo intento
o mover do ungido advento
Ben Piau
jezabel jezabel
jezabel jezabel
elias foi arrebatado aos céus
a videira brotou em israel
Ben Piau
em sucot
alarga-se em tendas
a esperança
árvores agasalham
hosanas em danças
Ben Piau
outubro entendas
outubro entendas
o cântico do sol em si -
nada desvendas?
anas em cabanas
os campos fartos de céu
passas em pão e vinho
alegrem-se, irmãos
a esperança floriu em sião
Ben Piau
nuvem de fogo
nuvem de fogo
resplandece paira
sombras incendiadas fogem
ó guardião das manhãs
quem é como o altíssimo em virtude?
Ben Piau
satã me paralisa
satã me paralisa
ataca por trás sufoca
(espada de fogo persegue-o desde os céus)
oro, vejo: formulo a vitória, venço!
penso meço
herdeiro dos céus e terra jubilo feliz
em yeshu'a me recomeço
Ben Piau
a nova estação
a nova estação
de acordes dissonantes
virá antes
depois ou durante
bebo no vinho
o pão da poesia
a ave o vôo o instante
da nova estação avoante
o poema que me dance
festivo ou altivo
entre ser e estar nativo
antes que a beleza canse
Ben Piau
bos maiores campos
nos maiores campos
humildes ceifas
a seara no neguev
sorri o rei ressurreto
Ben Piau
o vôo
o vôo
ameno
palavraceno
és voa
alça
Ben Piau
abre-se o livro
abre-se o livro
sela-se o livre
lavro
pá lavro
Ben Piau
acordo nos acordes
acordo nos acordes
coloridos
da aurora
pássaros ressoam
nova mente
ex
plode em mim
o tom
ameno da poesia
sem fim
prumo sereno
Ben Piau
o vôo (2)
o vôo
ave
palavramor
sua
avemente
Ben Piau
palavrar
palavrar
quase tudo
no movimento
no ar
ou quem sabe
ficar mudo
contemplar
Ben Piau
profetizo alado
profetizo alado
o eco do meu grito contra
o muro
sussurro de flor
espada d'amor
Ben Piau
de olho no cisco
de olho no cisco
cala-se a língua
(silêncio de oração)
repousa o manto do ungido
santo santo santo
Ben Piau
em trevas babel
em trevas babel
roma agoniza
a fuga é o fogo das semanas
nas tendas do céu
regozija-se israel
a vingança vermelha
sentencia lobos e ovelhas
a 8ª nota secunda
a sinfônica vinda
linda linda linda
shofar troveja
reconciliação de irmãos
restauração reunião
Ben Piau
no ofício do sacrifício levitas
no ofício do sacrifício levitas
ascende a descendência
minas são o fruto do ventre, varonil jacob
6 herdeiros a postos
plantar-se-ão em adoração e louvor
2 alianças reconciliadas no peito
o 3° templo aguardamos refeito
Ben Piau
o varal de repousar
o varal de repousar
tranquilo
os sonhos de quaradouro
vestes ao sol
o andar silente
sem pressa ou demência
cheio de ciência
de pessoa e gente
um dia após outro
engenheiro paciente
projetando em sopro
o que a alma sente
Ben Piau
o sal de ser
o sal de ser
é se dar
sem ressalva
é voar
planura da beleza
com ou sem ar
de correnteza
Ben Piau
o vôo pré ciso
o vôo pré ciso
do verbo amar
a vivento
novo
pensalimento
n'ovo
invista
Ben Piau
ah av no vôo
ah av no vôo
beleza de a-mar entretons
entrelinhos de pureza
nos azuis dos tons marrons
a angélica certeza
de romper a vida sem esperança
dedilhando os nossos sons
ah av no vôo
breviário de pousar as horas
entrelinhas e aurora
no canto canário que ouvi outrora
Ben Piau
sereno arquiteto de sons
sereno arquiteto de sons
componho
a canção-palavra do hinário
tons de encantar azul
mergulho na manhã
boquiaberto buquê de flores
entre odores de esterco
sabonete lux de luxo
desodorante avanço
noite insonhos
revendo a composição n'ave
que se despreende de nós
Ben Piau
dema vê b c: na arca da aliança
dema vê b c: na arva da aliança
apoio-me
contradança
dos ventos e dos tempos: mudo
o modismo
permaneço atento: noach incircunciso
invento
aprumo o rumo
da arca
calo afetos escondidos
de esperança
o dilúvio do amor rompendo em novas quimeras
reinaugurando
a flor
no ato
da palavra 'or
ben piau
shoshanim ha-sadeh
shoshanim ha-sadeh
sho shanim ha-sadeh ha-shamaim
shanim maim ha-shamaim
shamaim shanim ha-shoshasim
shô shanim shamaim ha-shoshanim
Ben Piau
aliás
aliás
alio-me
aos que sobem à jerusalém
vejo a sinfonia
dos pássaros em belém
Ben Piau
estremeço entremeço
estremeço entremeço
o alvorecer
o caminho vinho vindo
a aurora lilás
si
vindicor ou
se iniciou
cambraia de linho
vivo o novo caminho
Ben Piau
REENCONTRO
a mulher reencontrada
habita em mim
em meu corpo aquiescente
a mulher reencontrada
é rara esperança de afago
fogo-fátuo que me afoga
a mulher reencontrada
revive ardor no clarão da noite
é estrela despetalando luz
a mulher reencontrada
aconchego de abraços e mãos
é comunhão vencendo a solidão
31/05/2003
Elias Paz e Silva
canção amiga à amada que virá
vaso despedaçado
recomposto restaurado
meu coração de ti, senhora
requer mimos cuidados
vaso despedaçado
erguido reedificado
meu coração de ti, senhora
requer teu coração, implora
vaso raso
fundo profundo mundo
meu coração sedento de ti, senhora
bate aceso, ora, ao eterno adora
Elias Paz e Silva
31/05/2003
colheita ii
semente frutífera
a palavra
lavra
o solo
a sol
minha bandeira és tu, poema
minha bandeira és tu, poema
meu emblema
solução para qualquer problema
no canto dos olhos
no canto dos olhos
uma lágrima-sorriso
ressoa amanhecendo
pássaros são flores
pássaros são flores
cantando ao vento
teu sorriso feliz
teu sorriso feliz
precioso bálsamo
abrigo
abrigo
a eternidade
em mim
lavores
lavores
louvores
lâmina de luz
lâmina de luz
me corta
acende natureza torta
sei
sei
o quê não
sei
sôo
sôo
sou
terno
terno
é terno
o amor
alegre-flor
tento tudo
tento tudo
mas mudo
permaneço atento
mas surdo
palavro ao vento
mister
mister
mistério
enigma-me
sou sério
rio
vejo
vejo
o pejo
moça
ser
rio
adoça-me o a-mar
côo
côo
o pó das estrelas
sôo
só de vê-las
sola gratia
sola gratia
solo grácil
em íntimas entranhas
em íntimas
entranhas
estimo estranhos
receio
receio
ré
cheio
avanço
danço dores
dono de nada
Dobaliana
lembrança de curral
na tarde oval
feixe de palavras
sobre o verão de arder
ao sol seca o tempo
chove o silêncio
na cidade infante
rio de sentidos
rio de sentidos
mar de amar
verbo em fogo na face
.......................................................................
teu gesto vário
teu gesto vário
toque de vento
peixe sem aquário
......................................................................................
ar
ar
fôlego
sopro
à face ascendo
.......................................................................................
antes que anoiteça
antes que anoiteça
teço estrelas
folgo em vê-las
..............................................
teço
teço
a nota
só
so-li-da-ria-men-te
...................................................
semeio
semeio
boas novas
apascento o verbo
vento
.........................................
solo decerto
solo decerto
(sol
o
deserto)
miragem de paisagens
.............................................
a ira não
a ira não
aprofunda justiça
na liça diária
cingir-se de amor
armar-se de amar
conjugar o verbo
do ar
...................................
herança de estrelas
herança de estrelas
herança de areia
trago na veia
o sangue semita
sem mito tateio
a vida em meio
apascento no seio
o veio do mistério
.........................................
palavra
palavra
lavra que incendeia
a alma
palma
mãos glorificamos
salmos
............................................
prudência divina
prudência divina
a sina
ensina
...........................................
carta selada
carta selada
enigma
a decifrar
o sonho
cardo calado
emudecido
viajo alado
curvo-me ao Vento
que me cala e fala
.............................................
sopro do céu
sopro do céu
circula-me as artérias
sou palavras e atos
......................................................
......................................................................
entre
entre
o gari e o rabi
semelhança de irmãos
...............................................................
em meio à multidão
em meio à multidão
sigo
veredas do coração
.............................................................
eucológico
deixei
o luxo no
lixo
deságua em mim
deságua em mim
o cheiro de jasmim
cuidemos do planeta
cuidemos do planeta!
não rabisca a árvore
a caneta preta
os lábios tecem
os lábios tecem
o mistério
a língua toda tremula
o corpo aquecido viceja
veja: há sentido
em cada partitura ao ouvido
brisa doce
brisa doce...
que bom!
somente assim
a vida fosse...
sendo assim
sendo assim
meu irmão
fique pertinho de mim
sob teus cuidados
sob teus cuidados
paizinho
recebo este carinho
tenho sede
tenho sede
de ti
embalo de rede
papai do céu
papai do céu
a terra é
teu carrossel
no colo do carinho
no colo do carinho
o passarinho
cantou solidariozinho
o sol
o sol
solidário à lua
fê-la pousar
toda nua
teu olhar
teu olhar
estilo de resplandecer
teceu
na face o modo
de ser
faço poemas
faço poemas
como uma criança
pequenina canta um hino
às vezes sino
às vezes tino
às vezes pino
componho
componho
com o Ruach
uma canção nova
toda a vida aprova
Poética IV
ri
minha
ri
mais
o mar
o mar
tirando
onda
canto a origem
canto a origem
das coisas
a palavra pousa
Profética
contemplo
em visão
a glória
da criação
bom de bola
bom de bola
faz balão
com tampinha
de coca-cola
vestiu-se
vestiu-se
de um sorriso franco
felicidade não se
financia em banco
........................................................................................
o mesmo vento
o mesmo vento
sopra em ti
em mim
o que conta e encanta
é saber o oleiro a moldura do vaso
Elias Paz e Silva
a vitória deste ...
a vitória deste
dia é a doce
certeza da salvação
o que partilharei
o que partilharei
contigo, meu irmão?
um coração calado
palavras (im)pronunciáveis
e este modo de ser
tecido em oração
a vida me basta
a vida me basta
vasta solidária
(teu sorriso é
minha alegria
teu verso
minha poesia)
a vida me basta
casta
olhos ao alto
olhos ao alto
planície planalto
céu mar
vôo de pássaros
chão
o homem não nasceu
o homem não nasceu
para a solidão
como um pássaro voa
na amplidão
à cata de ninho/carinho
é ter na mente
é ter na mente
viverei seguro
à luz inauguro
doce incandescente
aprendiz de pássaros
aprendiz de pássaros
o voo
o canto vário da terra
aprendiz de vento
cicio suave tranquilo
aprendiz de nuvens
o algodão dos rebanhos
montanhas faces
a luz que trago
a luz que trago
comigo
contigo partilharei
sois estrelas
esplendecentes
ir mãos
ir mãos
vem abraços
aconchego táctil
solidário só
solidário só
aspiro à estrela da manhã
quando vieres para o abraço
por favor
aceite meu descompasso
reina em meu coração
reina em meu coração
a paz
temos água
pão
vinho
somos ninho
carINHO
oferta
te ofereço
minha felicidade
transfigurada
meus dentes restaurados
um pouco louco
te dou, de graça,
o sêmen da raça
Confissão
confesso
sofro a dor da perda
todavia
herdo a felicidade
que amanhece
Línguas
cheirecanta
lassiramanaias
sherinaias
línguas de fogo repartidas
decifro os mistérios
recomendo o saltério
100 %
cem por cento
sorrio
levanto
assento
cem por cento
me dôo por inteiro
(e nem nado em dinheiro)
cem por cento
ás vezes tento
outras vento
ponho no poema
ponho no poema
o sangue
ponho na vida
o mangue
ponho no sonho
o tanque
oração brota
oração brota
do interior
do íntimo do ser
ação posta
enigma no ar
para H. Dobal e Paulo Machado
que anjo sobre a cidade
anuncia coriscos na nuvem?
mensageiro do poente
o sol se declina em fogo no oriente
clarazul céu de enigmas
decifra homens taciturnos de esperança
os rios riscos primitivos
seca suas margens de areia e sonho
um artifício de paisagens
pontifica demolindo memórias antigas
à fome de justiça sobrevive
o rapaz da rua da glória
o que que há que não
se intui quando o vento de setembro na pele imita carros de fogo
uma aliança renovada
sustenta o arco-íris na retina dos habitantes
depois do verão solar
chuva de raios trovões no metal dos pára-raios das árvores secas
o relógio rosa da praça rio branco
ensina uma política de signos sob a velhice retórica
o mesmo anjo que circundou uma espiral
a margem da floresta de pedra a retidão da frei serafim silencia:
VIVER É VINGAR-SE DA MORTE!
uns
um abraço
um sorriso
passo
um carinho
um abrigo
ninho
um canto
um tanto
acalanto
02 / 10 / 09
14 / Tishrei / 5770
Essência
F A Z E R
S E R
santo
kadosh kadosh kadosh
deixei ao largo o deboche
SHALOM
quando o céu
proclama
sua chama
(sobre)viver
na terra
é descansar
da guerra
.................................................................................