A NOITE MADURA ESTÁ SUSPENSA
Heitor Saldanha
Minha memória é um céu que não habito
mas onde vivo em viagem permanente,
ela é que me revela o céu descrito
se me perco sonhando de repente.
Às vezes é como a estrela candente:
Um rastro luminoso no infinito;
outras vezes é como um sol morrente
que se reflete em mim quando medito.
Agora ela é teu rosto me fitando,
é teu sorriso claro proclamando
um poema que não posso conter
e cultivo esta insônia pensativa
para que tua imagem seja viva
antes que o dia venha te perder.
Heitor Saldanha
(“NUVEM E SUBSOLO”, editora Leitura S.A., Rio: 1968)
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