CANTO
Canto um canto novo
velhas aspirações do passado,
futuro de quem vive o seu tempo todo...
Canto as estrelas do céu iluminado
nos olhos tristes do meu povo...
Eu canto a existência da vida,
teimosa estrada para a distância
enquanto beijo o som
de cada essência figurada
adormecendo a realidade
na eterna ânsia
de sentir mais a vida
por demais vivida...
Canto o momento passado,
o instante futuro de si e só,
e sinto e vejo e abarco e louvo
a carne se consumindo,
retornando ao pó,
amor total no tempo abandonado...
Eu canto o fraco sinal
de vida presente,
pulsação orgânica
no vácuo da matéria ignorânSia,
corte na língua sangrando mais o grito,
morte crescendo menos a distância
no que se faz viver a doce dor silente...
© Cláudio Carvalho Fernandes 1998-2024.