Poema de Thiago de Mello, "O" Poeta amazonense
RELVA DOURADA
Havia um pouco de céu
derramado pelo chão:
podia ser um arco-íris
crescendo cor no capim.
Parecia um grande pássaro,
um torso de animal nobre,
lembrava um vaso sagrado.
Era o milagre em silêncio:
um milagre longo e esguio
na claridão da manhã.
De repente era um pendão
atravessado no vento.
Feito de mito e de azul,
repousava em seu mistério
imóvel: porém chegava
como se fosse um clarim.
Tão simples como uma flor,
e límpido como o orvalho
— não era deusa nem pássaro
nem arco-íris nem mito;
mas simplesmente uma moça
serenamente estendida
dourada dentro do sol.
...