O TROCADILHISTA
Narra Leôncio Correia que o inigualado trocadilhista Emílio de Menezes visitava uma exposição de cereais, quando entrou um literato de pouco espírito que, ao vê-lo, gritou:
- É milho!
E o poeta do Pinheiro Morto cofiando os fartos bigodes, comentou jocosamente:
- Você hoje está com a veia!
E vendo que o outro queria escapulir, embargou-lhe os passos:
- Não s'evada!
Segurou-o pelos ombros e forçou-o para baixo, sobre uma cadeira, completando:
- Sentei-o.
PONTO DE REFERÊNCIA
Um dia Picasso mostrou um de seus quadros a Rodin.
- Gosta? - perguntou. - Ainda não o assinei, pois queria primeiro a sua opinião...
Rodin pegou o quadro, olhou-o, inverteu lateralmente a sua posição, de um jeito e de outro, girou-o diante da vista e, por fim, disse, em um tom firme e convicto:
- Deve assinar. - Fica-se, pelo menos, sabendo como se o há de pendurar!
SOLUÇÃO
Choant, famoso conferencista norte-americano [estadunidense], descrevia a um público muito atento, as torturas que sofreriam no outro mundo os maus cristãos.
- E hão de chorar e gemer, e hão de ranger os dentes... rangerão desesperadamente os dentes!
- Mas e eu, que não tenho dentes? - interrompeu, timidamente, uma velhinha.
- Não faz mal, lá eles lhe darão dentes para que possa ranger...