SEM RECEIO
Foi no verão de 1914. Na casa do Comendador X realizava-se grande baile comemorativo do aniversário de sua filha.
Numa roda de intelectuais, Emílio de Menezes prendia a atenção com piadas e trocadilhos. Eis que se aproxima uma senhora muito elegante e, entre mil perguntas tolas, dirige-se ao grande boêmio:
- Senhor Emílio, quais são os encantos da mulher? O senhor sabe?
- Sei-os, minha senhora.
ENGANO MÚTUO
Não compreendendo a atitude de Voltaire, que, ao referir-se a determinada pessoa, fazia-o em termos elogiosos, um seu amigo observa:
- Não sei por que falas tão bem de Yves, se ele não te poupa, falando as coisas mais desagradáveis a teu respeito!
E Voltaire, com um meio sorriso, respondeu:
- Não é impossível que eu e ele estejamos enganados.
VERSOS DE MACHADO DE ASSIS
Emílio de Menezes era grande admirador de Machado de Assis. Sentia-se mal e reagia energicamente quando alguém achava de fazer restrições aos trabalhos do Mestre. Certa vez, em uma roda de homens de letras discutia-se metrificação e um dos circunstantes, que antipatizava com as poesias de Machado, observou:
- O último verso dos alexandrinos "A Uma Criatura" tem onze sílabas. É um verso de pé quebrado!
Emílio não perdeu a ocasião. Voltou-se para o outro, exclamando, com exaltação na voz:
- Pé quebrado não senhor! Os bons versos não têm pés: têm asas!