POUCA CONVERSA
Não existe nenhum manual que nos ensine a arte de nos desembaraçarmos dos maçadores. Mas um poeta francês, já falecido, P. J. Toulet, era mestre no assunto. Um dia, num trem, um passageiro falador pergunta-lhe:
- É certo que seu pai está na ilha Maurício?
- É - respondeu Toulet.
- E que faz ele?
O poeta tira o relógio do bolso e diz:
- A esta hora deve estar almoçando.
AQUI, NÃO!
Certa vez, no Senado, o Ministro Lafaiete, constantemente interrompido pelos apartes do senador Diogo Velho, encarou-o e deixou ecoar, como um pelouro, a frase de Aulo Pércio, no Senado Romano:
- "Sacer locus, puer, extra... mingite!"
Diogo Velho não era forte em latim e não pôde, de pronto, traduzir a citação. Incomodado com a hilaridade, porém, saiu do seu lugar e foi para junto do saudoso Barão de Cotegipe, a quem pediu a tradução da frase. Cotegipe disse-lhe:
- "O lugar é sagrado, menino, vá urinar lá fora!"
Diogo Velho, enraivecido, lavrou, iracundo, o seu protesto tardio e cômico.
PARA TIRAR QUALQUER DÚVIDA
Durante uma visita a Londres, Mark Twain foi convidado a um banquete de críticos literários. Um dos eruditos comensais iniciou uma discussão a respeito da velha controvérsia sobre a identidade de Shakespeare. Ao terminar sua exposição, pediu ao famoso humorista norte-americano [estadunidense] que declarasse sua opinião.
- Não tenho dado muita importância ao assunto - confessou Mark Twain.
- Mas, sem dúvida, o senhor tem alguma ideia a respeito - insistiu o crítico inglês.
- Não, senhor. Mas aguardarei chegar ao céu e então perguntarei a Shakespeare quem escreveu suas obras - prometeu Mark Twain, esperando, assim, livrar-se do vizinho de mesa.
- Não creio que o senhor encontre Shakespeare no céu! - declarou o inglês, bem-humorado.
- Neste caso - respondeu Mark Twain, um tanto aborrecido pela insistência - pergunte o senhor mesmo a ele, quando se encontrarem!