... Muito bom dia de segunda-feira, 26fev2024, para Todas, para Todes e para Todos. (26 = 13 X 2)
Paulo Henrique Couto Machado
Canção de amor e morte
Antônia Flor – flor da gameleira –
toda manhã lavrava a terra
com a sabença de quem conhecia
o sabor agridoce dos araçás.
Antônia Flor – flor da gameleira –
na cinzentura da tarde, guardava
no aprisco cabritos e borregos
da fúria profana dos carcarás.
Antônia Flor – flor da gameleira –
aos oitent’anos tinha os olhos acesos
a alumiar, como os olhos de maracajás.
Antônia Flor – flor da gameleira –
fez do amor à terra sua peleja,
sua crença, sua razão de bem-viver.
Antônia Flor – flor da gameleira –
teve o corpo crivado de balas –
à sombra de uma velha ingazeira.
Carpideiras puxaram excelências
e tiranas, com a notícia da morte
a correr nos estirões das veredas.
Paulo Henrique Couto Machado
Paulo Henrique Couto Machado
Nota bio-bibliográfica:
PAULO Henrique Couto MACHADO nasceu em Teresina, em 1956. Advogado. Defensor Público. Poeta e contista. Pertence à Geração Pós-69. Participou de coletâneas e antologias. Ganhou alguns prêmios literários. Na década de setenta, fez política estudantil e editou, ao lado de companheiros de geração, o jornal mimeografado "ZERO". Integrou o grupo responsável pela edição do jornal alternativo "Chapada do Corisco", em 1976 e 1977, em Teresina. Publicou Tá Pronto, Seu Lobo? e A Paz do Pântano, livros de poesia. Integra a comissão editorial de literatura da revista Pulsar.
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