O texto é de Luiz Geremias, no "site" Overmundo, podendo ser acessado através do "link"
http://www.overmundo.com.br/overblog/cultura-nao-e-entretenimento
http://www.overmundo.com.br/overblog/cultura-nao-e-entretenimento
"Entretenimento é distração, é diversão, é divertimento, é abobrinha. Cultura é outra coisa.
Diversão é, para Antônio Houaiss, “algo que serve para divertir”, mas também, “diversionismo” – aquela manobra de manipulação política que consiste em discutir o que não é importante para ocultar o importante – e, em um uso militar, explica o filólogo, significa uma “ação que tem a finalidade de desviar a atenção do inimigo”. É interessante ligar esses três sentidos e imaginar que o regozijo da diversão pode ser, então, algo extremamente prazeroso, mas não exatamente para mim: se me divirto muito, é possível que alguém esteja se regozijando muito mais com isso.
( . . . )
Cultura não é diversão, não promove a mediocridade. Não quer desviar a atenção, não almeja o diversionismo.
(...) A cultura não é feita para divertir, mesmo quando é divertida. Quer ir além disso: pretende incomodar, transformar, chamar à responsabilidade de um compromisso com a vida. Assim, o divertimento é o tempero da mensagem, não a mensagem.
Talvez o dito que melhor expresse como se dá essa relação nos seja dado pelo poeta russo Maiakovski. Ele escreve, no poema “A Sierguéi Iessiênin”: “Primeiro, é preciso transformar a vida, para cantá-la em seguida”. É por isso que na fábula da formiga e da cigarra, a formiga tem inobscurecível razão. E é por isso, também, que entender cultura como entretenimento é sinal de inescrutável burrice ou de insanável má-fé."...
Falou e disse (com as melhores palavras) muito do que eu queria dizer.