Soneto polimétrico XII
Sozinho, eu sou tudo e nada,
o que se consome na solidão,
caminheiro perdido, na estrada,
sem um rumo, sem direção.
Contigo, sou nada e tudo
o que se faça mais preciso,
se contemplo em beijo mudo
a beleza toda do teu sorriso.
Nada e tudo, tudo e nada...
É, sempre é assim:
dualidade digna de estudo,
pois nesse teu colo de fada
o mistério parece não ter fim
ou tu és o segredo de tudo...
Soneto polimétrico XIII
Preciso do teu amor loucamente,
como a água pro perdido no deserto,
mas espero o teu amor silente,
que vai tão longe pra chegar tão perto.
Esse teu amor, que é vã indiferença,
lutando para continuar a ser o que é.
Esse amor desencontrado, fé sem crença,
que insiste em se fazer desesperança, até...
Mas ele existe, se mente, bem sei disso,
mesmo que ainda distante, quase perdido,
flor morrente que deixou no fruto seu viço...
É uma realidade dentro do sonho pra ser vivido,
encontro no encanto de uma rima sem compromisso
senão a felicidade de um no outro ter acontecido.
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