Por mais que as cruentas e inglórias
Batalhas do cotidiano tornem
Um homem duro ou cínico o suficiente
Para ele permanecer indiferente
Às desgraças ou alegrias coletivas, sempre
Haverá no seu coração,
Por minúsculo que seja,
Um recanto suave onde ele guarda
Ecos dos sons de algum momento de amor
Que viveu na sua vida.
Bendito seja quem souber dirigir-se a esse
Homem que se deixou endurecer,
De forma a atingi-lo
No pequeno núcleo macio
de sua sensibilidade e por aí despertá-lo,
Tirá-lo da apatia,
Essa grotesca forma de autodestruição a que
por desencanto ou medo se sujeita,
E inquietá-lo e comovê-lo para
As lutas comuns da libertação.
(Plínio Marcos, Canções e reflexões de um palhaço)
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