Livreto de bolso do 13º SaLiPi (Salão do Livro do Piauí)
18º Seminário Língua Viva
"A leitura nutre a inteligência" (Sêneca)
ANTOPOLOGIA DE BOLSO
(Poemas e respectiva autora/respectivos autores)
FÁBULA
O mar
céu subterrâneo
cheio de mistérios
e estrelas apagadas
No fundo claroescuro das águas
algumas estrelas caídas viram peixes
outras
os peixes comem
Um dia
um pescador comeu um peixe
que havia comido uma dessas estrelas
e toda a sua fome se transformou em luz
(Nelson Nunes – Baião de Todos)
MONARK
aquele menino
e sua monark
um craque
andava soltando as mãos
só com a roda traseira
um pé na sela
e os olhos em mim
foram as primeiras lições
sobre os perigos do amor
(Graça Vilhena – Pedra de Cantaria)
TREM DA VIDA
Uma lagarta se arrasta
Carregada de amanhã,
Enrosca-se para dormir
Como um novelo de lá.
Uma borboleta acorda,
O azul inaugura o dia,
Pétala ao sabor do vento
Na manhã que se inicia.
(Cineas Santos – Ciranda Desafinada)
POEMA
Permanece ensolarada, na casa,
a minha infância, primavera de flores
dos ares de setembro
atravessa todo esse tempo com o silêncio
como se sonhar ainda fosse possível,
Mas já não tenho a estrela cadente
onde meu olhar atento se dependure.
(Victor Virgílius)
MISSÃO IMPOSSÍVEL
Como vamos cumprir o mandamento
De repartir o pão com nosso irmão?
Se nós, coitado, no atual momento,
Só temos o irmão! Não temos pão?!
(Luiz Lopes Sobrinho)
PROPOSTA
o dia foi duro amor
mais valia o suor da labuta
e a proposta de outro sol
como desculpa
poeta
dobre a língua
senão
a palavra míngua
(Elias Paz e Silva)