Soneto polimétrico XVI
Esse teu gesto que me falta e acalenta
é meu encanto, tormento e ainda mais,
parte de toda a idiossincrasia que me alimenta,
buscando a tormenta na impossível paz.
Esse teu gesto que me salva e sustenta
o próprio existir do universo tão fugaz,
esse teu gesto tem o gosto gasto de lenta
esperança se perdendo em partes desiguais.
Esse teu gesto, de possível intento
natural, por força de algum artifício
tem o meu querer guardado por dentro.
E por fora, fora somente um vício
se o teu impassível ser em vento
não me animasse tanto em tê-la tão difícil.
© Cláudio Carvalho Fernandes 2007 - 2023.