UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS
DISCIPLINA: LINGUAGEM E SOCIEDADE
ALUNO: CLÁUDIO CARVALHO FERNANDES
─ O MITO DA DEFICIÊNCIA LINGÜÍSTICA
• O Conceito de “deficiência Lingüística”
• Influências recíprocas da língua sobre meio físico e contexto cultural
• Língua e comportamento lingüístico muito relacionados à cultura
• Não há uma cultura superior a outra porque:
─ Toda cultura é igualmente complexa e lógica;
─ Toda cultura possui integridade própria, sistema próprio de valores e costumes
• Etnocentrismo
• Não há línguas mais complexas ou mais simples
─ O aspecto da funcionalidade
• Evidência antropológica e sociolingüística:
─ As línguas são apenas DIFERENTES umas das outras
─ Dificuldade de aceitação em relação às variedades de uma mesma língua
• Comunidade lingüística ≠ língua homogênea e uniforme
─ Diferenciação geográfica e social → diferenciação lingüística nos níveis fonológico, léxico e gramatical
─ Afastamento no espaço geográfico gera:
→ variedades regionais (dialetos regionais)
→ linguagem urbana - linguagem rural
─ Diferenciação social → Dialetos sociais ou socioletos (de idade, profissão...)
→ registros (formal/coloquial)
• Todos os dialetos são sistemas lingüísticos complexos, lógicos e estruturados
• Preconceitos sociais contra dialetos sociais geram esteótipos
─ Razão social e não lingüística da comparação entre variedades
• EXEMPLOS
─ A dupla negativa (estrutura superficial)
─ Concordância verbal (economia gramatical)
• Conceito de “deficiência lingüística” vem do preconceito social
─ Sua impropriedade científica
─ Legitima discriminação alunos classes populares
─ Escola julga linguagem por dialeto de prestígio
• Pesquisas de Labov sobre as relações entre linguagem e classe social:
─ Pesquisa sociolingüística segundo modelo quantitativo
─ Resultados contrários à teoria da deficiência lingüística
→ Desmistificação da lógica da “privação lingüística”
→ Dificuldades de aprendizagem são criadas pela própria escola e pela sociedade em geral
• Confirmação do fato que deu origem à teoria da deficiência lingüística:
─ Fracasso escolar das crianças dos guetos
• Rejeição do “mito” da deficiência lingüística por falta de base na realidade social
─ crianças dos guetos
→ recebem muita estimulação verbal
→ ouvem uma linguagem mais estruturada que a classe média
→ participam de uma cultura intensamente verbal
• Teoria da privação verbal se fundamenta em resultados artificiais
─ Situação estranha e ameaçadora da entrevista influi nos resultados
─ As diferenças não são de linguagem, mas de comportamento diante da situação teste
─ Resultados diferentes com as mudanças na metodologia de pesquisa
→ Falantes das classes populares narram, raciocinam e discutem com mais eficiência
→ Diferença é mais um estilo do que um dialeto
─ O dialeto popular é:
→ direto, econômico, preciso, sem redundância
─ O dialeto não-padrão
→ difere do dialeto padrão de modo regular e de acordo com regras
→ oferece formas equivalentes para a expressão do mesmo conteúdo lógico
Conclusão de Labov sobre a principal falácia da teoria da privação verbal:
→ Atribuir fracasso escolar a uma inexistente “deficiência lingüística”
• Causa do fracasso escolar:
→ obstáculos sociais e culturais à aprendizagem
→ inabilidade da escola em ajustar-se à realidade social
→ Inversão lógica:
→Planeja-se corrigir a criança e não a escola
─ A SOLUÇÃO: UM BIDIALETISMO FUNCIONAL?
• Teoria da deficiência lingüística:
─ Conflitos estruturais e funcionais entre os dialetos não-padrão e o dialeto padrão
→ eliminação pela escola dos dialetos não-padrão e sua substituição pelo dialeto padrão
• Teoria das diferenças lingüísticas:
─ Os dialetos são funcionalmente conflitivos, mas estruturalmente equivalentes
• Postura mais radical em relação a este conflito funcional:
→ Mudança de atitude de professores e da população em geral
→ Sociedade livre de preconceitos lingüísticos
→ O ensino, livros e alfabetização deveriam utilizar o dialeto dos alunos
→ Criticada como utópica e alienada da realidade social
• Postura mais amplamente adotada na perspectiva das diferenças dialetais:
→ Bidialetismo: aprendizagem também do dialeto-padrão pelos falantes de dialetos não-padrão
→ Posição de Labov
Bidialetismo funcional + mudança de atitudes em relação às variedades dialetais
Tal solução pressupõe que a sociedade não é responsável pelos conflitos funcionais que nela ocorrem entre dialetos não-padrão e dialeto padrão
Pretende-se uma ADAPTAÇÃO das classes desfavorecidas às condições sociais
O papel da escola é o de preservar o equilíbrio social, retificando desvios
O bidialetismo funcional dissimula as contradições e as discriminações das sociedades estratificadas em classes.